A Cepisa de 2017 apresenta semelhanças com Cemar de 2010. Basicamente essa é a principal comparação que a Equatorial Energia fez entre as duas distribuidoras e a que recém adquiriu nesta quinta-feira, 26 de julho, no leilão realizado na sede da B3. Nesse campo estão os níveis de perdas, os indicadores de qualidade de fornecimento de energia e, consequentemente, os ganhos potenciais nessa nova fronteira de atuação.
A holding destacou em teleconferência sobre o negócio fechado horas antes, que a Cepisa apresenta como principais geradores de valor o potencial de redução das perdas de energia e da inadimplência para ser uma empresa mas eficiente. E ainda, a perspectiva de melhoria da produtividade com a otimização de custos e investimentos, bem como o crescimento no número de clientes e consumo per capita.
De acordo com a apresentação feita pelo diretor Financeiro e de Relações com Investidores da companhia, Eduardo Haiama, o DEC apurado na Cepisa de 12 meses ao final de 2017 era de 22 horas, na Cemar em 2010 esse indicador era de 21 horas. No FEC os indicadores eram de 15 vezes na concessionária do Piauí e de 14 no Maranhão nos mesmos anos de comparação. Os indicadores da Cemar, continuou ele, em 2017 ficaram em 13 horas e 7 vezes.
Ou seja, relacionou, os resultados já obtidos no Maranhão podem ser alcançados na nova concessionária. E lembrou o que foi dito mais cedo a jornalistas após o leilão, de que no Piauí, por ser uma concessão considerada mais simples em termos de clima e regime de chuvas, a melhoria dos indicadores pode se dar de forma mais acelerada.
“Essa melhoria da qualidade será importante para os nossos resultados por ajuda na redução de compensações via componente Q do fator X e também proporciona o crescimento econômico do estado”, comentou ele.

Outros dois pontos de destaque foram a questão do ticket médio das duas concessões em comparação que estão na casa de R$ 120. Mas um fator importante que é o da formação da base de remuneração poderá resultar em um ganho importante. Ele relatou o fato de que os ativos no Piauí estão envelhecidos e que há déficit de investimentos o que mostra indícios de oportunidades para o crescimento da empresa, assim como a eventual existência de um mercado reprimido, justamente porque houve ausência desses investimentos.
Para Augusto Miranda, o otimismo quanto às perspectivas de redução de perdas se justifica pela experiência que a companhia adquiriu em uma década de atuação. Ele lembra que houve dificuldades na primeira concessionária que assumiram, que estava entre as piores do país, mas que está entre as melhores atualmente. Além disso, destacou que a Equatorial encontra-se em um nível de organização mais elevado para enfrentar esses desafios.
Entre esses desafios está o endividamento assumido pela Equatorial. A dívida bruta da Cepisa está em R$ 2,4 bilhões, sendo que quase metade é com a RGR, pouco mais de R$ 1 bilhão. Mas, relatou Haiama, a dívida a ser paga com a RGR um dos itens que compunham o índice apresentado está com carência para pagamento até outubro de 2023 e prazo até 2048 para ser amortizado, quando termina a concessão assumida.
Segundo as regras do edital, a Eletrobras tem agora cerca de 90 dias para a efetiva transferência da distribuidora para a Equatorial.