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A atual agenda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) é dar protagonismo ao mercado de capitais no papel de financiador do setor de energia elétrica. Essa foi a mensagem que por vezes foi repetida pela diretora de Investimentos do banco, Eliane Lustosa, durante evento promovido pela XP Investimento, nesta terça-feira, 31 de julho, em São Paulo. “O setor de energia é um mercado que está preparado para o mercado de capitais, portanto, pode ter uma participação menor do BNDES”, afirmou a executiva.
Historicamente, o BNDES é a principal fonte de financiamento de usinas e linhas de transmissão de energia no Brasil. Embora não falte recursos para o BNDES, garante Lustosa, a nova orientação do banco é trabalhar no desenvolvimento do mercado de capitais.
“Num contexto de restrição fiscal, o Brasil não pode se dar ao luxo de gastar subsídios de uma maneira não parcimoniosa. Os subsídios que existem têm que ser concedidos de uma maneira transparente e o impacto desse subsídio precisa ser devidamente quantificado”, disse a executiva.
Uma das primeiras mudanças foi aproximar as taxas de financiamento do BNDES às taxas praticadas pelo mercado. Outra mudança é que banco está focado mais nos benefícios dos investimentos para a sociedade do que no volume de desembolsos.
“A nossa percepção, em uma avaliação profunda que fizemos, é que o volume de desembolso não significa impacto e externalidade positiva para o mercado como um todo. E nossa percepção é que o mercado de infraestrutura de energia se enquadra nesse contexto”, declarou Lustosa.
Em suas palavras, o banco está sendo virado de “cabeça para baixo” para se adequar à nova realidade. “No passado, por termos recursos abundantes e mais subsídios, os clientes vinham e a gente respondia. Agora estamos trabalhando no sentido de nos aproximar dos clientes, entender o que eles precisam e isso envolve uma transformação nos processos. O banco precisa ser muito mais ágil para responder ao prazo que o mercado exige. Isso está sendo um desafio enorme num contexto de grande demanda dos órgãos de controle… Transparência e prestação de contas têm que fazer parte de todos os processos”, destacou a executiva.
MULTIPLICANDO ATUAÇÃO
Lustosa contou que o banco tem conversado com os stakeholders para identificar as falhas de mercado e definir melhor sua atuação. As prioridades de recursos são para projetos voltados aos setores produtivos, infraestrutura, educação, saúde e segurança.
Uma das formas de multiplicar a atuação do BNDES é por meio da participação em fundos de crédito e de equity, onde o banco entra com um percentual e complementa as necessidades de recursos atraindo investidores institucionais. A ideia é um que o banco sirva de “selo de avaliação”, atuando com um avaliador no processo de constituição dos fundos.
Por diversificar risco e ter um gestor qualificado, os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDIC) é considero um importante veículo para trazer os investidores institucionais para o mercado de energia. De acordo com Lustosa, a redução da taxa Selic força investidor institucional a correr mais risco.
O banco também está estudando formas de substituir o empréstimo ponte. O BNDES também tem atuado para incentivar emissões de debêntures incentivadas, o que já vem mostrando resultados. Em 2016, as emissões de debêntures somaram R$ 4,25 bilhões, volume que saltou para R$ 11,1 bilhões entre janeiro e junho de 2018. Entre 2012 e junho de 2018, o volume de debêntures incentivadas no mercado somam R$ 45,7 bilhões.
Agora, o BNDES quer promover a liquidez desse mercado de debêntures. Para tanto, o banco vai contratar um gestor para vender R$ 1,5 bilhão em debêntures nos próximos meses. “A gente pode atuar não apenas na aplicação de caixa, mas também no papel de desenvolver a liquidez do mercado”, revelou a executiva. “Ao sair de uma alternativa que o mercado já está financiando, os recursos públicos podem ir para outra finalidade que têm mais externalidades”, completou.