Mesmo depois de cerca de uma década de presença mais massiva no Brasil a fonte eólica possui muitos desafios a serem enfrentados. Entre estes fazem parte a questão da operação do sistema ao passo que a fonte avança em sua participação na matriz elétrica, a modelagem para a efetiva expansão no mercado livre, as opções e as tecnologias para o que é chamado de hibridização da fonte, aprimoramento da medição dos ventos e da previsibilidade da geração e outros diversos somam-se ao que está mais próximo de ser vivenciado pelo segmento: a contratação por quantidade e não mais por disponibilidade. São temas que permeiam os próximos anos do setor que deverá alcançar o segundo lugar entre as formas de geração de energia no país já no ano que vem.
De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Energia Eólica, Renato Volponi, o Brasil vive um momento primordial para que possa realmente alcançar os compromissos assumidos ainda na COP-22, em Paris, de aumento das fontes renováveis não hídricas em sua matriz elétrica. Mesmo sendo um país que possui um posicionamento diferenciado ainda há muito a se fazer.
“Temos que acelerar o passo para alcançar essas metas estabelecidas e os passos que temos dado ainda não foram suficientes. Contudo, não estamos tão longe dos objetivos firmados, mas a nossa posição não é tão próxima ao ponto de ficarmos relaxados ante esse processo”, destacou ele no Brazil Windpower 2018.
Nesse sentido, enquanto o ambiente livre de contratação ainda não tem as condições necessárias para que se torne uma forma de crescimento mais expressivo, os leilões no ambiente regulado acabam sendo a saída mais viável no momento. Este ano essa expansão poderá ficar em pouco mais de 1 GW ao somarmos os volumes contratados nos leilões A-4 e, principalmente, no A-6, cuja estimativa de demanda foi revelada pelo secretário de Planejamento e de Desenvolvimento Energético do MME, Eduardo Azevedo.
Ele classificou esse volume como o possível a ser colocado no país ante a declaração de demanda das distribuidoras no país, que segundo suas palavras está abaixo do esperado pelo governo. Mas, nessa discussão ainda entra outro desafio que é a previsibilidade da realização de leilões.
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Reive Barros, lembrou que a demanda estimada pelo indústria estabelecida localmente é de 2 GW ao ano para que possa manter a cadeia de fornecimento. E que em um futuro próximo a fonte conquistará um espaço de 14% da matriz. “No médio e longo prazo a eólica veio para ficar, e nossa expectativa, excluindo o momento específico do país que no curto prazo é de demanda pequena, é de que no médio e longo prazo há espaço para ser ocupado no setor de geração eólica”, comentou.
Para o executivo, poderia ser estabelecida uma faixa de referencia para dar segurança acerca de contratação de energia de uma forma geral. Esse caminho poderia se dar por energia de reserva ou um valor definido para a segurança energética. No foco da EPE, especificamente falando sobre a eólica, está a cadeia produtiva estabelecida por aqui e, cada vez mais, a questão social.
“Precisamos reavaliar as premissas ampliar a contratação de energia em geral, temos simpatia por todas as fontes de geração, todas são bem vindas na visão do planejador”, acrescentou ele defendendo maior previsibilidade de leilões para cada uma das fontes, reconhecendo que esta é uma discussão conjunta entre a EPE e o MME.
Apesar da limitação que o governo atual possui em decorrência da proximidade do final do mandato. É possível definir uma agenda com base no PDE. Inclusive, destacou Azevedo, do MME, a pasta já vinha procurando desenvolver alguma sinalização para o ano seguinte, sem datas, mas com uma indicação de quantos leilões ocorreriam no período que está por vir. Inclusive, está em elaboração o plano para 2019 uma sugestão de agenda para o próximo governo que assumir o país.