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Além do desafio para encontrar um modelo de financiamento competitivo que faça sentido aos bancos e aos geradores, a expansão da oferta de empreendimentos via mercado livre também esbarra em uma regra que prevê prioridade aos projetos do mercado regulado. Isso explica a estratégia de alguns agentes em vender barato parte da energia nos leilões do Governo Federal visando garantir acesso ao sistema de conexão.

A superintendente da área de Energia do BNDES, Carla Primavera, declarou durante o Brazil Wind Power que o banco está empenhado em financiar projetos de geração que sejam viabilizados 100% no mercado livre. Segundo a executiva, a carteira do setor elétrico do banco soma R$ 150 bilhões, sendo que R$ 30 bilhões foram para apoiar o segmento eólico. “Acreditamos que o mercado livre é o caminho para o crescimento do setor elétrico…. Estamos empenhados em financiar projetos que sejam 100% do mercado livre”, disse Primavera.

A notícia é positiva na medida em que os agentes encontram dificuldade para viabilizar novos projetos no mercado regulado, cuja demanda está reprimida em função da crise econômica do país. “O assunto mercado livre é o tema do momento”, afirmou Giovanni Bosco Fernandes Junior, chefe do setor de Energia do Santander, ponderando que existem muitos riscos que precisam ser devidamente precificados para que esse modelo se torne financeiramente viável.

Para ele, o modelo de financiamento padrão deverá caminhar para um cenário mais customizado, onde cada projeto será precificado considerando a matriz de risco. “A gente tem um cenário em que o BNDES começa a caminhar para um custo de mercado, o que consequentemente permite trazer novas fontes de financiamento”, comentou Fernandes.

A introdução do PLD Horário foi uma das preocupações levantadas por Marcelo Girão, Head of Project Finance do Banco Itaú BBA. Segundo ele, essa nova metodologia de preço deve deixar os geradores mais expostos a volatilidade do PLD. “Como a gente vai incorporar isso no financiamento é algo que precisa ser construído.”

Girão destacou que o próximo leilão A-6, que será realizado no dia 31 de agosto, terá como característica a alocação da energia dividida entre o mercado livre e o regulado. Ele também destacou que o mercado de capitais, principalmente de debêntures, tem ganhado importância nas estratégias de financiamento. Em 2017, as emissões de debêntures de infraestrutura (sem incidência de IR) somaram R$ 9 bilhões. Esse tipo de papel tem como característica complementar o funding de um empreendimento de infraestrutura. “Esse ano R$ 9 bilhões foi só no primeiro semestre”, disse Girão, enfatizando que o mercado de capitais tem se tornado mais relevante nesse cenário de juros baixos (Selic).

Na opinião de Ivan Hong, diretor Financeiro da Cada dos Ventos, a disputa por espaço na conexão têm sido um dos principais riscos para os agentes que planejam viabilizar um projeto 100% no mercado livre. Para o próximo leilão, ele acredita que a maioria dos agentes vai propor alocar uma parcela menor de energia no ACR para priorizar uma parcela maior no ACL. Sobre o risco de volatilidade o PLD, ele também aposta que esse problema será resolvido com um arranjo que vai combinar as fontes eólica, solar e sistemas de armazenamento de energia. “Isso vai reduzir os riscos do PLD horário”.

O PLD horário é uma inovação prevista para entrar em vigor no setor elétrico em janeiro de 2020. Vai substituir o modelo atual de preço semana/patamar, onde os valores são divulgados semanalmente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O objetivo é aproximar o custo da energia no mercado spot ao real custo da operação do sistema. “É inevitável caminharmos para um PLD horário. Não temos medo disso. Saber lidar com o risco é importante”, comentou Marcos Meirelles, presidente do Rio Energy.