fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
Um projeto de microgrid da AES Tietê que começou a ser desenvolvido como um P&D da Aneel poderá, em breve, ser exportado para outros mercados. O primeiro sistema está em funcionamento em seu Centro de Operações, o Coge, localizado em Bauru (335 km de São Paulo) e em cerca de seis meses receberá um sistema de armazenamento em bateria que complementará o projeto. Em paralelo a empresa afirma que já tem acertado outros três microgrids em clientes industriais cuja carga varia de 4 a 5 MW.
Esse sistema, explicou o presidente executivo da geradora, Ítalo Freitas, pode ser aplicado em diversas configurações diferentes. O coração desse projeto é a inteligência artificial que irá indicar as ações necessárias para que se possa alcançar a economia de energia pretendida. Independentemente de existir armazenamento no sistema o microgrid indicará as ações a serem tomadas pelo cliente para atingir a meta estabelecida previamente.
“O microgrid é um sistema feito para interagir com várias fontes, ele conecta no barramento e calcula qual delas é a mais vantajosa para aquela unidade de consumo”, explicou ele. “Quando chegar o preço horário poderemos escolher a energia mais barata em um determinado período do dia”, afirmou.
O protótipo da geradora está em sua instalação mais recente, o centro de operações, que está localizado na cidade do interior paulista. A empresa se orgulha em afirmar que ali há o estado da arte na tecnologia de operações. Além dos sistemas de monitoramento e controle das usinas o Coge é a casa desse sistema microgrid que se utiliza de um telhado com sistema solar fotovoltaico, um gerador a diesel e a conexão com a concessionária local. Assim que terminar o projeto de armazenamento na UHE Bariri, inaugurado oficialmente na última quinta-feira, 23 de agosto, a bateria será transferida para esse local, onde já há até o espaço onde será conectada.
Freitas explica que o sistema tem autonomia para selecionar a melhor fonte de geração de acordo com a meta de economia pretendida. Em sua configuração é possível ainda indicar quais são as cargas críticas e as genéricas, segregadas e que são o alvo de atuação dessa inteligência embarcada nos servidores ali instalados. Inclusive, lembrou ele, o sistema sugere ações para o responsável de como obter a meta de economia em energia indicada, envolvendo agir sobre a temperatura do ar condicionado ou até mesmo cortar fornecimento para uma determinada carga.
Esse sistema, revelou o executivo, deverá chegar a três clientes ainda na modalidade de eficiência energética. Até porque, lembrou ele, ainda não é possível pela regulação brasileira a destinação dessa energia à comercialização no mercado livre. Mas, destacou que assim que esse mercado abrir será possível destinar o excedente à venda, seja por meio de um comercializador varejista ou agregador de carga, duas das ideias que já estão na rua desde que se reabriu a temporada de diálogo no setor elétrico.
“Quando o mercado abrir e vermos a questão de usinas virtuais, eu digo que quero uma economia de 20% no meu consumo, e além disso esse volume pode ser vendido por meio de uma VPP. A energia é direcionada a um varejista ou agregador de carga que pode vender a energia no mercado”, comentou ele. “No momento eu só posso proporcionar economia de energia nesse momento. É uma ação de eficiência energética em outro patamar, o primeiro é trocar lâmpadas e equipamentos e este é uma ação mais complexa e este muitos já fizeram, esse que desenvolvemos é um novo patamar”, disse ele.
Entre os planos da empresa está o de reduzir o tamanho físico desses sistemas. Além disso, mais à frente a ideia é de aumentar a inteligência artificial do sistema que terá capacidade de aprendizagem e atuará de acordo com o comportamento do cliente.
O modelo de negócios atualmente é o usual da companhia fazer o investimento no cliente e receber de acordo com a economia proporcionada pelos sistemas. Freitas comentou ainda que não é necessária a existência do energy storage. Tanto que um dos clientes que deverão ter a solução o fará com sua usina de cogeração. Outra possibilidade é uma usina de GD remota. A questão toda passa pela inteligência que trabalhará buscando a meta que é indicada e parametrizada pelo cliente.
Essa ideia ganhou até um novo capítulo, a geradora espera receber esta semana um alto executivo do segmento de inovação da controladora, a AES Corporation que vem avaliar o projeto com a meta de levar a ideia para outros mercados onde atua, internacionalizando a plataforma criada a partir de um projeto de P&D.
*O repórter viajou a convite da AES Tietê