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Para atender à crescente demanda de projetos de energia eólica no país, que aumentaram 19% em 2017, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica, a Indústrias Romi tem intensificado os investimentos para a produção de fundidos estruturais de grande porte, destinados à composição de aerogeradores cada vez maiores e mais potentes.
A introdução de novas tecnologias proporcionou uma elevação no padrão de potência das turbinas geradoras no Brasil, coisa que Francisco Vita, Diretor da Unidade de Fundidos e Usinados da Romi, não imaginava há algum tempo atrás: “Não tínhamos um conhecimento tão vasto das qualidades dos ventos e suas constâncias”, lembrou.
Além dos aerogeradores de 3 MW da Acciona, que até o final de 2017 eram tidos como os de maior capacidade, Vita identificou um movimento de mudança da tecnologia com a turbina de 3,7 MW da Siemens-Gamesa, e a que a GE anunciou recentemente, de 4,8 MW.
Com a ampliação das máquinas, as peças passaram a pesar perto de 25 toneladas, um aumento significativo e que afetou diversas etapas do processo produtivo da empresa, que ficou muito mais exigente. “Naquela época falávamos de fundidos estruturais de 12 toneladas, o próprio bastidor da Acciona de 3 MW possui 19 toneladas. Tínhamos a fábrica preparada para este tipo de peça. Agora nos preparamos para produzir, de maneira seriada, componentes de até 40 toneladas para servir esta nova geração de aerogeradores”, afirmou Vita.
O executivo explicou que a grande diferença do segmento eólico para qualquer outro em que a empresa atua é a questão da produção em série de peças grandes e de alta produção: “Chegamos a fazer 25 peças de 12 a 19 toneladas por semana. Uma coisa é fazer uma, outra coisa é fazer 10 dessa por semana. É preciso estruturar a fábrica, pois tudo fica maior”, explicou
Esses componentes fabricados pela Romi estão presentes em praticamente 100% dos 520 parques eólicos no país. Hoje 7,4% de toda a energia do país é produzida usando-se a força do vento. Com uma capacidade instalada de cerca de 13 MW, o Brasil ocupa o 8º lugar no mundo em energia eólica instalada e o número um na America do Sul.
Para adequar a produção, a fabricante direcionou recursos para aquisição de duas pontes rolantes de 80 toneladas, que se juntaram as antigas, de 50 toneladas. Outra novidade é a pá carregadeira, um equipamento grande e que serve para poder movimentar enormes quantidades de areia dentro da fábrica.
Além de máquinas para movimentação de terra e treinamento de pessoal, Francisco Vita relatou que diversos investimentos colaterais foram realizados, como em capacitação térmica, no modo de operação das fontes, no desmolde das peças e em softwares de simulação.
“Desenvolvemos alta capacidade técnica de produção desses itens estruturais de segurança – aprimoramos a utilização de ferramentas de simulação de fundição, além dos nossos investimentos no desenvolvimento da nossa equipe técnica e em nosso parque fabril – que é um dos mais atualizados da América Latina”, salientou.
Expansão do mercado
A Romi começou a investir no segmento de energia eólica ainda em 2009, com a inauguração da fábrica de Santa Bárbara d’Oeste (SP), destinada a atender essa demanda específica, além de produzir também algumas peças para o setor de óleo e gás.
De lá para cá, mais de 47 mil toneladas de ferro fundido nodular foram entregues em cubos de rotor e bases de nacelles para os principais fabricantes de aerogeradores, tanto para o Brasil como para o exterior, consolidando sua posição no mercado de fundidos estruturais de grande porte para a indústria eólica nacional.
A empresa garante todas as fases de produção, desde a moldagem até a inspeção final, com inspetores ”nível 3”, assegurando a alta qualidade exigida pelo segmento. Quanto ao desenvolvimento dos produtos, a utilização de softwares de simulação é um importante aliado da equipe técnica, minimizando os riscos da não qualidade e garantindo assertividade no atendimento dos prazos.
Perguntado sobre os próximos passos e perspectivas, Francisco Vita comentou que a atual fase é de desenvolvimento dos itens de maior potência, a maioria ganhos no último leilão de dezembro em 2017. “Agora teremos o leilão A-6, em que a grande maioria dos fabricantes de aerogeradores virão com máquinas muito grandes”.
Ele esclareceu que, como os prazos para a venda dos projetos no certame podem ser antecipados, “a ideia é de que a partir de 2022, 2023, essas peças de grande porte estejam em condição seriada contínua, para poder suportar esses novos leilões”.
Sobre o mercado de óleo e gás, o executivo afirmou que a prospecção de clientes para área segue em andamento, apesar da queda significativa nos últimos quatro anos. “Esperamos que o novo governo retome a expansão do país e que o óleo e gás volte a prosperar”.
Outra frente de atuação que a empresa pretende se inserir é no mercado offshore, onde já existem projetos de energia eólica em aprovação nos órgãos regulatórios brasileiros. O potencial é enorme: a costa brasileira tem mais de 7 mil km de extensão. Para esses projetos, Vita prevê que a demanda por equipamentos será ainda mais massiva, já que as turbinas offshore podem chegar a 12 MW de potência. “Nossa estrutura já está preparada para atender a esta demanda”, assegurou o diretor.