A Eneva anunciou que planeja antecipar a entrega da energia comercializada no leilão A-6 para o primeiro semestre de 2022. Como o contrato com as distribuidoras terá início em janeiro de 2024, nesse intervalo a empresa pretende vender a produção do projeto no mercado livre, aumentando a rentabilidade do investimento.

A Eneva, que tem entre os acionistas o BTG Pactual, a Cambuhy Investimentos, a alemã E.ON e o Itaú Unibanco, foi uma das vencedoras no leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na última sexta-feira, 31 de agosto. A empresa vendeu a produção futura resultante de uma otimização na termelétrica a gás natural Parnaíba I (676 MW), no Maranhão. Conhecido como fechamento de ciclo, o projeto batizado de Parnaíba V na verdade consiste em instalar quatro caldeiras e uma turbina a vapor para aumentar a capacidade de Parnaíba I em 386 MW, sem aumento da queima de gás.

“Com o resultado do leilão, garantimos um crescimento de capacidade instalada em 18% até 2024 e nossa receita fixa atinge R$ 2,3 bilhões”, destacou Pedro Zinner, diretor presidente e de relações com Investidores da Eneva, em teleconferência nesta segunda-feira, 3 de setembro.

O diretor de exploração e produção da Eneva, Lino Cançado, explicou que uma mudança no projeto inicial permitiu a redução no investimento para R$ 1,25 bilhão, de R$ 1,9 bilhão. “O projeto inicial previa usar duas turbinas a vapor e o projeto atual prevê uma turbina de capacidade maior. Isso permitiu uma redução nos custos com equipamentos, instalações e aumento da capacidade instalada”, justificou.

Além disso, a projeto também encontrou uma forma de economizar com a captação de água. Usinas termelétricas usam água para resfriar os geradores. Esse vapor passa a ser aproveitado para gerar energia com o fechamento do ciclo.

A Eneva informou que possui licença de instalação para 363 MW, documento que precisará ser ajustado para contemplar a nova capacidade de 386 MW. A produção será escoada pela mesmo sistema de transmissão de Parnaíba I, já construído. A empresa pretende iniciar as obras no segundo semestre de 2019, com previsão de execução de 31 meses. A parte de engenharia e construção será de responsabilidade da Techint e os equipamentos críticos serão fornecidos pela GE.

A Eneva vendeu 326,4 MW médios no leilão A-6, o que permitirá receber uma receita fixa de R$ 274,4 milhões por ano, ao longo de 25 anos de contrato.

A empresa pretende buscar financiamento para 60% das necessidades de investimento, que poderão vir de bancos de fomento como BNDES, BNB, ou de tomada de dívida no mercado de capital com a emissão de debêntures incentivadas. A empresa informou que também considera financiamento estrangeiro para 35% das necessidades, podendo fazer uso de agências multilaterais. A maior parte do capex será necessária entre os anos de 2020 e 2021.

“Nossa premissa é estruturar um financiamento de longo prazo na modalidade project finance e acreditamos que o projeto comporte alavancagem de até 60%. Recebemos carta de interesse de diversas fontes e buscaremos a estrutura mais eficiente”, disse Andrea Azeredo, CFO da Eneva.