A agência de classificação de risco Moody’s elevou os ratings corporativos da Cemig de B3/B2.br para B2/Ba1.br, na escala global e brasileira. A elevação reflete a visão atualizada da agência sobre o perfil de risco de crédito e o aumento do mesmo de caa1. para b2.

A ação de rating segue o anúncio da concessionária, em 31 de agosto de 2018, referente ao recebimento de um pagamento R$ 1,1 bilhão do governo relacionado a indenização por investimentos não amortizados das concessões das hidrelétricas de São Simão e Miranda, que expiraram e foram relicitadas para outras empresas em 2017.

Na visão da Moody’s, o pagamento melhora significativamente o perfil de liquidez da companhia e, dependendo da estratégia de médio prazo da empresa, pode também levar a uma moderada melhora das métricas de alavancagem bruta. O recebimento da indenização adiciona pressão positiva sobre os ratings após a venda dos ativos de telecomunicações no valor de R$ 649 milhões, anunciada em 8 de agosto de 2018, ainda sujeita a aprovação regulatória, e a reabertura bem-sucedida da emissão de US$ 500 milhões em eurobônus em julho.

A elevação reflete liquidez mais forte e uma estratégia de gestão de passivos mais prudente. Os recursos mencionados anteriormente atendem vencimentos imediatos de dívida e mitigam outros riscos de liquidez.

De acordo com as demonstrações financeiras do segundo trimestre de 2018, a Cemig possui R$ 1,2 bilhão em caixa e R$ 2,7 bilhões em dívida a vencer nos próximos 12 meses, dos quais R$ 1,7 bilhão tem vencimento em dezembro de 2018. Outro pagamento de R$ 570 milhões relacionado a uma opção de venda sobre ações da Light vence em novembro.

Para a agência, além de mitigarem riscos de refinanciamento, a venda de ativos e a indenização ajudarão a suportar o descasamento de fluxo de caixa temporário que a Cemig D enfrenta devido a maiores custos de compra de energia em meio às condições hidrológicas desfavoráveis no Brasil. Estes custos deverão ser repassados de acordo com a próxima revisão tarifária anual da companhia em 2019.

Com os riscos de liquidez endereçados, as operações da empresa de distribuição deverão melhorar o perfil de crédito consolidado, tendo em vista que em maio houve seu processo de revisão tarifária para o ciclo 2018-2023 e obteve um aumento médio de 23,2% das tarifas. O aumento reconhece o custo médio ponderado do capital maior e o investimento de capital significativo.

O perfil de alavancagem geral da companhia, incorporando os ajustes-padrão da Moody’s, é moderado, especialmente após os ajustes que compensam o descasamento do fluxo de caixa mencionado acima, com o CFO antes de capital de giro sobre Dívida registrando 19,4% em junho de 2018, e [CFO pre WC + despesas de juros] / despesas de juros de 3,2x.

A dívida sobre EBITDA foi de 3,8x no mesmo período e espera-se que pelo menos uma melhora moderada das métricas de alavancagem sob a premissa de que uma parte das entradas de caixa relacionadas à venda de ativos e à indenização será utilizada para pagar dívidas.

Os ratings podem ser elevados caso se confirme a percepção de que métricas de crédito de médio e longo prazo se manterão sustentavelmente dentro dos níveis atuais, com CFO pre WC / Dívida acima de 15%, com riscos de refinanciamento imediatos endereçados. Um rebaixamento dos ratings, ainda que improvável nesse momento, poderia acontecer sobre a percepção de aumento sustentável de alavancagem de forma que CFO pre WC / Dívida diminua para abaixo de 10%.