fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
A Engie, controladora da Engie Brasil Energia, está de olho na diversificação de seu perfil de atuação no Brasil. A companhia, que desde 2015 adotou um posicionamento estratégico global chamado de 3Ds – de descarbonização de sua matriz, digitalização e descentralização da geração – passou a procurar por oportunidades de negócios em infraestrutura de cidades ao passo em que avançam projetos com mais inteligência e gestão nas cidades brasileiras. A ideia é de alcançar maior equilíbrio entre o segmento de energia e soluções em uma proporção na casa de 70% e 30% de seu resultado ebitda entre 2025 e 2028.
O diretor comercial da empresa, Gabriel Mann, disse em entrevista à Agência CanalEnergia que esses novos serviços possuem participação inexpressiva nos resultados e que a companhia quer aproveitar suas competências em infraestrutura para crescer nesse nicho que já existe fora do país. “Entendemos que é necessário estar cada vez mais perto do cliente, um movimento que já estava sendo realizado no exterior e ao qual não estávamos alinhados ainda”, explicou ele.
No foco estão PPPs de iluminação pública, atuar com infraestrutura em aeroportos e sistemas de monitoramento em cidades. Mann lembrou que a Engie já possui algumas iniciativas por aqui, mas ainda em menor escala como sistema de monitoramento de tráfego e controle semafórico, este último realizado em Niterói (RJ) e que é considerado internamente um sucesso e passível de ser replicado em outras localidades. “Esse é um negócio que queremos fortalecer e levar para outras cidades”, acrescentou.
Em termos de PPPs, disse ele, no foco da empresa estão os projetos mais bem estruturados por instituições como o BNDES e o IFC. A empresa acompanha os desdobramentos de processos em Guarulhos, no Rio de Janeiro, Niterói, Salvador, Porto Alegre e Teresina. Justamente por conta desse assessoramento feito por instituições sérias para evitar riscos de alterações no projeto inicial e ter a garantia de obter o retorno do investimento projetado. Essa preocupação, explicou Mann, deriva do fato de que esses projetos de infraestrutura como em iluminação pública são de capital intensivo e qualquer mudança em seu escopo no meio do processo pode levar a perdas.
Projetos que atraem são os que atribuem, além da infraestrutura, inteligência e isso está atrelado diretamente ao conceito de cidades inteligentes, abrindo espaço para outros tipos de serviços conectados a uma mesma rede de fibra óptica. “Não queremos projetos para trocar lâmpadas e sim aqueles que têm o conceito de smart city”, pontuou.
Nesse sistema de infraestrutura inteligente estão questões como o controle de mobilidade pelas grandes cidades e ainda o carregamento de carros elétricos. Tanto que a Engie já possui conversas iniciais para trazer um programa de sua empresa nesse segmento a EVBox, que segundo cálculos do executivo, tem cerca de 70 mil pontos já instalados no mundo. Por aqui, revelou ele, há três diferentes iniciativas para este segmento de serviços e soluções Um deles é para um programa de compartilhamento de veículos com 150 unidades. O segundo refere-se ao anúncio da Ambev para ter uma frota de caminhões elétricos e, o terceiro, segue a tendência de formar um corredor elétrico a exemplo do que já fizeram a Copel no Paraná e a EDP no eixo São Paulo-Rio. Todas ainda em um patamar inicial de tratativas, assegurou ele.
Ele reconhece que a penetração de veículos elétricos no país ainda encontra-se em estágios iniciais de amadurecimento quando comparado com outras regiões que têm já um avanço já muito mais expressivo, como na Europa, Ásia e Estados Unidos. “Apesar disso, já vemos algumas montadoras olhando para o Brasil, ainda não temos muita oferta desses veículos, mas ano que vem poderemos ver o começo de uma mudança nesse cenário”, destacou.
O segmento de aeroportos para quem vê de fora o negócio da empresa não parece óbvio mas, explicou o diretor comercial da Engie, esse é um mercado em que a companhia atua ao fornecer sistemas integrados. A companhia, disse ele, olha para esse nicho no país como uma outra oportunidade por haver um conjunto de terminais recém-concedidos e há a perspectiva de nova rodada de concessões ainda este ano. A companhia aponta a possibilidade de fornecer de 30% a 50% da infraestrutura desses locais sendo o foco o baggage handling, ar condicionado, sistema de segurança energia. E ainda, a possibilidade destes equipamentos públicos serem atrativos para modais de mobilidade a partir de energia como um VLT.
“Todo esse escopo mais amplo de serviços fez parte de nossa estratégia em crescer em soluções e serviços baseado nas nossas competências no Brasil. Somos grandes investidores em infraestrutura”, reforçou. “O mercado está em mutação e vemos a possibilidade de abertura de mercado, isso reforça a nossa visão de que precisamos nos estruturar para essa abertura”, finalizou.
Um desses movimentos direcionados pra a diversificação veio com a aquisição da GV Energy, anunciada recentemente, para atuar no segmento de gestão de energia. De acordo com Mann, esse negócio fazia sentido pois está na estratégia de crescimento da empresa em soluções. Ele ressalta o fato de que a Engie tem tomado cuidado em preservar o negócio de gestão de energia na qual já estava com a aquisição da ACS no início do ano. Com a GV o foco da gestão de energia está em outra frente, mais consultiva e estratégica.