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A geração de energia eólica será a 2ª principal alternativa energética para o Brasil em 2019, ficando apenas das hidrelétricas. A previsão é feita a partir de dados da Associação Brasileira de Energia Eólica, que também apontam para um consequente aquecimento do mercado de seguros para empreendimentos eólicos. Hoje, segundo a entidade, 8,5% da potência instalada em território nacional deriva da força dos ventos, com projetos desse tipo crescendo a um ritmo superior de 20% ao ano.

Para atender a essa demanda do mercado nacional, a Aon, empresa global que oferece ampla gama de soluções em riscos, benefícios e saúde, está atualmente em consultoria com 15 clientes de parques eólicos em obras ou operando no Brasil. O número representa, aproximadamente, 20 a 25% do marketshare do setor e a expectativa da companhia é que o mercado movimente mais de R$ 50 milhões com novos prêmios até 2020.

Clemens Freitag, Diretor de Infraestrutura da Aon Brasil, destacou a expertise da multinacional na área de energia eólica, em um mercado que apresenta algumas especificidades. “Para fazer um desenho adequado do programa de seguros existe a necessidade de um profundo conhecimento técnico e de negócio. Certamente, nosso know-how garante um diferencial estratégico para a operação dos nossos clientes”, assegurou o diretor.

No Brasil, a estrutura dos seguros está ligada as garantias que a Agência Nacional de Energia Elétrica pede a partir dos leilões, que pode ser através de fiança bancária ou pelo chamado seguro Big Bound. Depois do certame, há outras apólices para garantia da conclusão da obra; o Performance Bound, seguido pelo seguro de garantia da concessão, onde o empreendedor o apresenta junto à Aneel, garantindo a operação conforme o contrato celebrado.

Normalmente as financiadoras de projetos eólicos pedem algumas exigências, além do único seguro obrigatório, que é o de transporte dos bens que envolve as pás, transformador, entre outros dispositivos, e que vale desde o fabricante até o local de montagem. Um dos principais é o de riscos de engenharia, que assegura que os bens do parque que estão em montagem, como torres, aerogeradores e transformadores sejam protegidos de riscos como queda, incêndios e outros acidentes físicos.

Outro seguro que geralmente acompanha os outros é o de Responsabilidade Civil, que vale para o caso de uma turbina cair numa estrada e causar danos materiais e pessoais à terceiros. Há também o DSU – Delay Start Up, para o caso dos transportes, quando por exemplo, o mesmo transformador que pegou fogo durante o transporte, pode ter caído numa estrada e ter ocasionado atraso na geração de receita.

Ainda no segmento de construção, há a possibilidade da contratação do seguro de responsabilidade civil de diretores e administradores, o DNO, que pode ser feito pelos empreendedores que estão já construindo consórcio e quiserem responsabilizar os superiores em decorrência de suas gestões. E não muito comum, mas que tem crescido a busca é pelo seguro de responsabilidade civil profissional, em que se terceiriza o projeto para outra empresa. Então é solicitado ao projetista essa garantia, onde se transfere as propriedades e responsabilidade dos bens para o operador.

Esses seguros podem ser intensificados com outras apólices paralelas, como o seguro de lucro cessante – ALOP – Advance Loss of Profit, muito importante para os financiadores, pois garante o ressarcimento dos prejuízos financeiros ao deixar-se de ter receita por um determinado período e problema num dos bens do empreendimento. Essa modalidade está sendo cada vez mais utilizada, visto a perda de receita com a unidade paralisada poder inviabilizar uma operação. Isso pode ser causado, por exemplo, por um sinistro ocorrido em sua construção.

“O mercado de energia eólica é relativamente atraente às seguradoras. A cada 200 megawatts são gerados aproximadamente R$ 2 milhões em prêmios. Entretanto, não se observa o mesmo apetite quando os parques já estão em funcionamento, pelo volume de sinistros que vem sendo observado com o aumento a idade em operação dos parques”, observou Freitag.

Com relação a fase de Operação, as apólices apresentam praticamente as mesmas premissas, com os paralelos de ALOP, porém adequadas a atividade do setor. Há por exemplo o seguro de Riscos Operacionais, que deve ser renovado anualmente.

Um dos diferenciais dentro desse segmento é o seguro paramétrico, uma proteção financeira ligada a fatores climáticos representa hoje a principal demanda pelos clientes ligados à geração renovável, mostrando-se essencial para os complexos eólicos, visto os aerogeradores dependerem de vento para funcionar. Se este recurso falta, a geração acaba sendo menor do que o previsto: “Fizemos recentemente esse primeiro tipo de seguro dentro do país para uma comercializadora que tem um conjunto de geradoras como clientes. Estamos muito envolvidos no desenvolvimento dessa tecnologia”, revelou o executivo.

Principais sinistros

No caso dos parques eólicos, o que se verifica mais quanto à gestão de risco é uma frequência maior de danos de quebra de máquinas e peças, como as caixas multiplicadoras e as pás dos aerogeradores, além do gerador. Clemens Freitag chamou a atenção para o fator de lucro cessante, em que, por exemplo, um dano em um aerogerador não ser encarado como um dano crítico, visto cada parque possuir 20 a 30 turbinas. Já um prejuízo no gerador, nas pás ou na caixa alimentadora, pode ser muito maior. “Se o empreendimento só tiver uma subestação para alimentar um parque eólico inteiro, por exemplo, o dano em um único transformador poderia ocasionar uma perda e parar a geração do parque inteiro”, exemplificou Freitag.

Com relação a danos de ordem naturais, onde geralmente as seguradoras tem uma atenção maior, por serem situações catastróficas, o Brasil é um país bem menos afetado que outros que sofrem com terremotos, por exemplo. “Por aqui o mais crítico acabam sendo as tempestades e vendavais”, contou o diretor, afirmando que a empresa está com quatro estudos paramétricos em andamento, sendo dois hidrelétricos e os outros parques eólicos. “Também seguimos junto com a comercializadora, tentando desenvolver mais seguros com eles”, complementou.