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O valor do Encargo de Serviços do Sistema por Segurança Energética deve atingir em setembro R$ 346 milhões, segundo estimativa da comercializadora Electra Energy. O custo do ESS esse mês é uma combinação da operação de 14 usinas termelétricas, que passaram a ser acionadas fora da ordem de mérito econômico desde o último dia 1º, com a queda do Preço de Liquidação das Diferenças.

O acionamento de térmicas com Custo Variável Unitário de até R$ 766,28/MWh foi autorizado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, a pedido do Operador Nacional do Sistema. Os empreendimentos já vinham sendo despachados pelo ONS, mas teriam de ser desligados na primeira semana de setembro, conforme indicava o modelo, em razão da queda de 34% do Custo Marginal de Operação.  O Operador solicitou, porém, a manutenção das usinas, para preservar os reservatórios das principais bacias da região Sudeste, e, com isso, elas passaram a gerar energia fora da ordem de mérito.

O redução do CMO reflete a revisão em 1,1 GW da carga projetada para os próximos quatro anos, e também a indicação do modelo computacional Newave de melhora no cenário hidrológico, em razão das chuvas que caíram em agosto no Rio Grande do Sul.

A previsão do ONS é de que na semana de 8 a 14 de setembro sejam gerados 3.268 MW médios de térmicas a gás, a óleo combustível e a óleo diesel, com Custo Variável Unitário acima de R$ 482,08/MWh. Essa quantidade de energia representa 22,7% dos 14.389 MW médios de energia térmica prevista para o período.

O diretor de Regulação da Safira Energia, Andre Cruz, lembra que os modelos de operação e de formação de preço sempre consideraram o histórico de vazões, que hoje tem mais de 80 anos. O problema é que, ano após ano, têm aumentado as dificuldades de recuperação dos reservatórios das hidrelétricas.

“O ideal seria que a operação seguisse o que o modelo indica. Ele é um modelo de otimização, e o objetivo é reduzir o custo de operação para todo mundo”, afirma Cruz. Ele reconhece, porém, que o ONS e o CMSE têm a prerrogativa de olhar a segurança do sistema. Para o executivo, o modelo tem que ser melhorado, e o recomendável é que ele evolua de forma constante, para ficar mais próximo da operação real.

Para Celso Dall’Orto, consultor da PSR, a grande questão do modelo é que a aversão ao risco usada hoje não enxerga a situação física dos reservatórios. Enquanto o operador revela a preocupação em evitar o esvaziamento dos reservatórios, o programa de planejamento da operação não vê o armazenamento em si.

Dall’Orto afirma que “quanto mais aderente à realidade for a politica operativa, melhor o modelo”, porque fica mais fácil para os modelos de curto e de curtíssimo prazo calcularem o despacho, e isso fica refletido no Preço de Liquidação das Diferenças. Em relação ao cenário das próximas semanas, ele observa que há nada em termos climáticos que mostre uma alteração radical. Como o ONS está tentando proteger algumas bacias, destaca, é provável que o despacho fora da ordem de mérito continue, mas com uma geração talvez não tão significativa.