Entre janeiro e agosto, a geração por biomassa entregou 17.356 GWh para o Sistema Interligado Nacional, com um crescimento de 11% da fonte em relação ao volume produzido no mesmo período do ano passado, o equivalente para iluminar mais de 9 milhões de residências com uma fonte limpa durante um ano. Os dados pertencem ao levantamento da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), realizado a partir da coleta e análise de dados preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica.

Para o gerente em Bioeletricidade da UNICA, Zilmar de Souza, o aumento da fonte foi favorecido pelo clima seco observado desde o início da safra, o que ajudou na colheita da cana e, por consequência, na obtenção da biomassa para a geração de bioeletricidade. Contudo, ele avalia este percentual poderá variar ao final deste ano, em função do aguardado encerramento antecipado da moagem de cana pelas usinas do Centro-Sul.

De acordo com a entidade, a oferta deste tipo de energia entre janeiro e agosto deste ano representou 4,7% do consumo nacional de energia elétrica. O percentual pode atingir até 8% nos meses em que o ritmo da colheita da cana avança no Centro-Sul, de março a outubro.

“Em julho deste ano, a energia ofertada correspondeu a 7,8% do consumo no país. Essa maior participação de uma fonte renovável e disponível durante o período seco, quando os reservatórios das hidrelétricas estão mais baixos, ajudou a atenuar os efeitos negativos advindos da bandeira tarifária vermelha, que justamente naquele mês atingiu seu patamar mais alto”, explicou Souza.

Desde o ano de 2015, as contas de energia adotam o Sistema de Bandeiras Tarifárias, que apresenta as modalidades verde, amarela e vermelha. Neste ano, desde junho, o sistema está na bandeira vermelha, no patamar mais crítico e oneroso (nível 2), com os consumidores pagando R$ 5,00 adicionais a cada 100 kWh consumidos. Recente previsão do Operador Nacional do Sistema indica que a bandeira deverá ficar vermelha até dezembro deste ano.

Ainda segundo o executivo, essa energia renovável da bioeletricidade ofertada para o SIN até agosto foi equivalente a ter evitado a emissão de mais de 5 milhões toneladas de CO2, marca que somente seria atingida com o cultivo de 36 milhões de árvores nativas ao longo de 20 anos. Também por conta da geração acontecer no período seco do sistema, foram economizados 12% da água dos reservatórios hidrelétricos do principal submercado do setor elétrico, o Sudeste/Centro-Oeste, responsável por quase 60% do consumo nacional. Na última terça-feira (18), os reservatórios nessa região operaram com menos de 25% de sua capacidade.