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Se por um lado a concessão de subsídios, isenções fiscais e créditos trouxe mais players para o setor industrial, por outro eles fizeram com que a eficiência energética e a produtividade na área não crescessem. Estudo feito pela Climate Policy Iniciative/ Núcleo de Avaliação de Políticas Climáticas da PUC-Rio concluiu que há uma relação entre as eficiências energética e produtiva e que a variação de 2003 a 2015 foi pequena, em função de benefícios concedidos. “Há uma melhora na utilização de recursos dentro das empresas, porém aumentou a participação de mercado das firmas menos eficientes, tanto em termos energéticos quanto produtivo”, afirma Amanda Shutze, pesquisadora sênior do CPI e líder da agenda de pesquisa de energia.
Ainda segundo ela, esse aumento no número de indústrias pouco eficientes na seara energética levou a perda de mercado das mais eficientes. Esse panorama acaba por deixar o Brasil na parte de baixo de rankings de eficiência energética e mal na comparação com outros países. “Apesar das condições do ambiente econômico propiciarem essa eficiência dentro das indústrias, essas mesmas condições têm reduzido participação de mercado das mais eficientes”, avisa. O estudo observou 106 setores da indústria extrativa de transformação.
O estudo mostrou que de onze setores que consomem cerca de 50% da energia da indústria, nos de fabricação de cimento; fabricação de papel, cartolina e papel-cartão; extração de minério de ferro; e fabricação de produtos de material plástico, as empresas mais eficientes no uso da energia e mais produtivas possuem maior participação. No contraponto, fabricação de produtos químicos inorgânicos; tecelagem – exceto malha – e fabricação de peças de veículos automotores possuem baixa participação de firmas eficientes e produtivas no seu produto total.
Segundo ela, há o interesse do setor industrial em eficiência energética, porém ele está alocado apenas nos maiores players, que participaram de workshop durante a produção do estudo. Queixas recorrentes de todas as classes de consumidores como a falta de crédito e a dificuldade em implantar ações internas também se repetiram na indústria.
Uma melhor distribuição de capital, trabalho e energia poderia trazer um aumento de 81% na produtividade da indústria e o setor de fabricação de derivados de petróleo aparece na ponta como que mais tem ganho de potencial de produtividade, sendo seguido pelo de serviços de pré-impressão e acabamentos gráficos e de fabricação de produtos de borracha.
Ela sugere como remédio para o aumento da eficiência da indústria o fim dos subsídios, classificados por ela como ‘distorções da economia’. Mas é a atuação do governo que pode dar um rumo no tema. O estudo também aponta que não há por parte do governo um plano de longo prazo para as políticas públicas e ações de eficiência energética na indústria. Outro aspecto que a pesquisadora do CPI salienta é o excessivo foco dos programas de eficiência energética nos clientes residenciais, esquecendo do industrial. “Não existe no Brasil um incentivo por parte do governo para a indústria em relação a eficiência energética”, avisa. Veja aqui o estudo.