A venda de 11 lotes dos 18 colocados em leilão nessa quinta-feira, 27 de setembro, é vista como positiva pela Eletrobras. Com os recursos levantados com a venda, que somaram R$ 1.296.931.401,27 a empresa vê a possibilidade de ficar bem próxima ao objetivo que é de encerrar o ano com a alavancagem próxima de três vezes a relação entre a dívida líquida sobre o resultado ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Agora a empresa vai avaliar com os advogados e analisar as razões de não ter visto interessados pelos demais lotes colocados à venda.
De acordo com o presidente da estatal, Wilson Ferreira Junior, o fato de quase não ter sido registrada concorrência pelos ativos é o resultado de uma correta precificação dos projetos. Houve negociação diretamente com o sócios da empresa nas SPEs e outros precisam ser negociados com os minoritários para verificar sua disposição em exercer seu direito de preferência na organização.
“A expectativa é de que essa injeção de capital possa entrar no caixa da empresa ainda este ano”, comentou ele a jornalistas após a realização da sessão de venda na sede da B3, em São Paulo. “Com esses recursos podemos reduzir o endividamento que estava em 3,4x ao final do segundo trimestre para algo próximo a 3,1 vezes a relação da dívida líquida sobre o resultado ebitda”, acrescentou.
Ferreira Junior comentou que a empresa vai avaliar o que pode ter ocorrido para que os maiores lotes que pretendiam vender não atraíssem interessados. Somados os valores mínimos de venda deixaram de ser negociados R$ 1.798.278.146,16. Entre estes estão o Lote A com lance mínimo de cerca de R$ 815 milhões e o D de R$ 475 milhões.
“Olhando para a frente, temos 7 lotes ainda, sendo 2 de transmissão e 5 de geração eólica. Tivemos nesse processo um prazo que pode ser considerado pequeno para fazer a análise. Essa semana vamos conversar com os advogados. Vamos avaliar o interesse nesses ativos são lotes com valores relevantes que continuamos com a ideia de vender para o objetivo que é de abater a dívida líquida de R$ 17,5 bi no último balanço”, afirmou ele, que admite uma segunda etapa de venda dos lotes depois de conversa que deverá ter com autoridades do governo e conselho de administração.
Além da questão do prazo o preço pode ter sido outro motivo para a não atratividade dos lotes, mas, comentou ele, quando o tema é preço é normal que os investidores sempre queiram o mais baixo. “Não dá para colocar a precificação como determinante desse desinteresse nos lotes maiores. Evidentemente um tempo maior talvez fosse necessário. São duas variáveis colocadas e vamos avaliar o que ocorreu”, pontou.
Dos 11 lotes negociados sete ainda precisam passar pelas negociações com direito de preferência dos atuais sócios minoritários. São eles os lotes C, J, L, M, N, O e P. Os demais já foram negociados com atuais sócios da estatal e que por isso já estão concretizados.
Questionado se poderiam ter colocado projetos hídricos à venda em decorrência de outros sócios já se manifestarem com interesse nessa modalidade de usinas, como a EDP, Ferreira Júnior destacou que a não inclusão da venda dessas usinas deve-se ao atual momento pelo qual o país passa. Em sua análise, o nível de GSF poderia afetar negativamente na precificação desses ativos o que poderiam prejudicar a avaliação dessas participações da estatal.