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O surgimento e a popularização de novas tecnologias estão transformando a indústria de energia elétrica mundial e a forma como a sociedade consome eletricidade. Essas novas tecnologias foram batizadas de recursos energéticos distribuídos. Na prática, elas permitem que o consumidor assuma um papel mais ativo e o setor elétrico brasileiro precisa se preparar para essa transformação. Nesta quarta-feira, 3 de outubro, os agentes do setor estiveram reunidos em São Paulo para debater as ações necessárias para preparar a regulação e os negócios para essa nova realidade.
“O que se fala lá fora é que em algum momento toda a estrutura do setor elétrico vai mudar”, disse João Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia, durante 7º Encontro Nacional de Consumidores de Energia, evento promovido pelo UBM/Grupo CanalEnergia. “Portanto, precisamos debater sobre como avançar na regulação para abraçar esse novo consumidor”, completou.
No modelo atual, o consumidor é passivo; sua ação rotineira é apertar o interruptor e honrar com o pagamento da conta de luz no final do mês. Com barateamento das tecnologias de produção de energia individual e de armazenamento, a tendência é que o consumidor será mais independente da concessionária local, passando a gerir o seu consumo com mais eficiência, por tanto, por um custo menor.
“O setor já vivencia mudanças significativas e não tenho dúvida que passará por novas mudanças no futuro, principalmente por conta das novas tecnologias de armazenamento de energia, veículos elétricos e o desenvolvimento das smart grids. Esses avanços tecnológicos vão conduzir para uma mudança no papel do consumidor, com uma gestão mais ativa”, disse Rodrigo Limp, diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), órgão responsável pela regulação e fiscalização do setor elétrico no Brasil.
O termo smart grid se refere a um conjunto de tecnologias de monitoramento da rede elétrica que permite uma troca intensa de informações entre concessionária e consumidor. Em posse desses dados, diversas ações estratégicas podem ser tomadas em prol de um setor elétrico mais ágil e eficiente.
Atualmente existem diversas formas para o consumidor produzir sua própria energia. A mais tradicional é o uso de geradores que queimam combustíveis fósseis. Porém, esses geradores ocupam espaço, emitem ruídos e gases de efeito estufa. Hoje, com a redução de custos da tecnologia fotovoltaica, milhares de consumidores brasileiros estão instalando placas solares em suas casas, comércios e indústrias – produzindo energia limpa e pagando menos impostos.
Segundo a Aneel, existem atualmente 39,5 mil unidades consumidoras que produzem sua própria energia, representando uma capacidade instalada de 478 MW, o equivalente a uma hidrelétrica de médio porte. Limp informou que isso significa que para cada 2 mil unidades consumidoras brasileiras, pelo menos uma tem um sistema de produção de energia individual. “Na Austrália, é um gerador distribuído para cada seis consumidores. Temos muito em que avançar”, disse.
A Aneel vem adaptando suas regras para permitir a penetração dessas novas tecnologias, sempre com o cuidado de preservar o equilíbrio entre os diversos negócios existentes. Estão regulamentados temas como geração distribuída, recarga de veículos elétricos, pré-pagamento de energia, o uso de medidos eletrônicos, sendo que outras ações estão em andamento.
Neste momento, o setor brasileiro discute a abertura do mercado livre. Nesse mercado, o consumidor pode escolher o fornecedor de energia. Esse serviço já está disponível para consumidores com grandes demandas de eletricidade, como a indústria de automóveis, química e mineradoras.
Segundo Talita Porto, conselheira da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), há 12.530 unidades consumidoras no mercado livre. Por outro lado, o Brasil tem 83 milhões de unidades consumidoras no mercado cativo, situação em que o consumidor é atendido pela concessionária local.
O consumo do mercado de energia no Brasil soma 63.174 MW médios, sendo que 19.050 MW médios é a fatia do mercado livre, ou, 30% do consumo total. Mantidas as regras atuais, há estudos indicando que o mercado livre poderia chegar até 46% do consumo nacional.