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Após a deliberação do Conselho Nacional de Política Energética na última semana, que aprovou a elaboração de estudos para a retomada das obras de Angra 3, inclusive dobrando o preço de venda de energia da usina, de R$ 240,00/MWh para R$ 480,00/MWh, a Eletronuclear anunciou que está “trabalhando intensamente” para buscar alternativas que viabilizem a conclusão do empreendimento, que se encontra parado desde 2015 por conta do envolvimento das construtoras da usina no âmbito da Operação Lava-Jato.

Convidado na semana acadêmica do curso de Engenharia Nuclear da UFRJ, realizada a partir desta segunda-feira, 15 de outubro, o chefe do Departamento de Desenvolvimento de Novos Empreendimentos da Eletronuclear, Marcelo Gomes, comentou durante o evento que a notícia é “muito bem vinda”, já que a decisão do CNPE, ainda que não tenha sido publicada oficialmente, cria as bases e orientação para a empresa buscar soluções que viabilizem a conclusão da central nuclear, que para ele é importante não só pelo acréscimo de megawatts no sistema, mas também pelo seu papel como indutor de desenvolvimento. “Há estudos da FGV que avaliam o impacto socioeconômico de Angra 3 e ele é muito significativo: Você leva renda, emprego de qualidade, formação humana. É sem dúvidas um alavancador do progresso”, destacou o executivo.

A medida tomada pelo CNPE tende a facilitar a entrada de parceiros privados para a finalização do projeto, que tem investimentos previstos da ordem de R$ 15,5 bilhões. Para o Secretário Geral da Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, Marco Marzo, com o aumento tarifário da usina, a subsidiária da Eletrobras irá conseguir atrair mais investidores estrangeiros e terminar o empreendimento. “Existe o interesse dos chineses, coreanos, russos, americanos e franceses, que aguardam a decisão sobre o modelo de negócio que será delineado nos próximos messes”, informou Marzo.

Representante da Westinghouse na América Latina e Canadá, Carlos Leipner, ressaltou o bom momento para o setor com a possibilidade de retomada das obras em breve, o que para ele irá estabelecer um marco para a construção de novas plantas nucleares no país. “Angra 1 e 2 tiveram grandes paralisações: muda o governo, mudam prioridades, faltam verbas. Agora há diversos players do setor privado mostrando interesse em investir no país, compartilhando essa segunda fase de construção de Angra 3”. Além da questão da estrutura de negociação, outro ponto a ser definido é com relação aos passivos da Eletronuclear.

Segundo a analista da Eletrobras, Karla Lepetitgaland, a evolução das tratativas com os novos investidores dependerá das resoluções que saírem do Programa de Parcerias em Investimento do Governo Federal, que incluirá o projeto em sua pasta.
“Esperamos por essas definições sobre os modelos de negócios para que possamos avançar as conversas com os investidores”, declarou Karla.