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Uma matriz energética onde centrais nucleares atuam na geração de base, aliviando a dependência e restrição do país com a expansão hidrelétricas, sendo também uma opção verde em relação as térmicas a combustíveis fósseis. O conhecimento e a informação para derrubar mitos e a insegurança de ambientalistas e da sociedade civil. A necessidade de renovação para cargos profissionais especializados e a difícil atual situação de fomento aos institutos de pesquisa e ensino.
Estes foram os principais assuntos abordados durante a abertura da VI Semana da Engenharia Nuclear, que se estenderá até o dia 19 de outubro. O evento é organizado por estudantes dos cursos de graduação em Engenharia Nuclear da Escola Politécnica e por alunos de pós-graduação do Programa de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ.
Para o Coordenador do PEN da Coppe, Professor Paulo Fernando Frutuoso, a proposta do evento de proporcionar a integração e o debate entre setores relacionados a Engenharia, Física e Energia Nuclear do país, promovendo a troca de contatos e ideias durante uma semana, é louvável pois contribuí definitivamente para disseminação de novas tecnologias e conhecimentos, fomentando a capacidade de aprendizado e inovação dentro do público participante, formado em sua grande maioria por alunos do curso de Engenharia Nuclear da Universidade, criado há 50 anos.
“É uma oportunidade de grande valor para todos nós, pois tem dinamizado muito a atividade docente, criando novas oportunidades e abrindo perspectivas. A coisa mais importante agora é manter essa chama viva”, declarou Frutuoso.
Quanto ao panorama da energia nuclear no Brasil, o diretor da Coppe, Edson Watanabe, salientou durante o encontro que há muitas pessoas que se dizem contra esse tipo de fonte, no entanto parecem pensar sem levar em conta a realidade da malha energética nacional: “Alguns imaginam que a eletricidade é produzida ali na tomada, e não por uma geração de base feita por hidrelétricas e térmicas, e que pode se fortalecer com a nuclear”, ponderou.
Em sua fala, Watanabe afirmou que para acompanhar um hipotético crescimento de 5% da economia do país, o setor elétrico terá que se expandir em cerca de 7%, o que significaria dobrar uma produção de 160 GW em dez anos. “Com a ampliação, a energia nuclear não tem como escapar. Temos que estar preparados, com segurança, baixo custo e também para resolver o problema da desconfiança da população, trabalhando a imagem deste tipo de geração”.
Essa imagem arranhada tem muito a ver com os acidentes em Chernobyl, no Japão e em Goiânia. No entanto, André Salgado, diretor da Framatome na América do Sul, lembrou que o país tem um histórico operacional “excelente” com Angra 1 e 2, destacando também a pouca emissão de CO2 deste tipo de energia, quase a metade do que produz a geração à biomassa.
“A geração nuclear é limpa, não é um bicho papão e nem vai provocar um acidente como Chernobyl. Não podemos entrar nessa de que essa fonte não é segura ou ambientalmente não amigável”, comentou o diretor, destacando também o papel importante da Marinha no desenvolvimento de enriquecimento de urânio, cuja sétima cascada foi inaugurada no final de agosto em Resende (RJ), através de uma parceria entre a instituição e as Indústrias Nucleares Brasileiras – INB.
Além da questão do uso da energia nuclear como geração de base, em face à restrição de expansão das hidrelétricas, André Osório, analista de Pesquisa Energética da Superintendência de Estudos Econômicos e Energéticos da EPE, lembrou a oportunidade de capacidade adicional, complementando as chamadas fontes intermitentes, como a eólica e solar.
Na visão do diretor de Negócios da Eletronuclear, Marcelo Gomes, o planejador do sistema elétrico tem que se valer de todas as fontes e suas principais características para elaborar a rede: “É como um cozinheiro preparando uma refeição, com diversos itens à sua disposição, tendo que saber utilizar cada um e na medida ideal. No caso do setor elétrico, com a estratégia certa, cada fonte se complementa no sistema”, ilustrou.
Sobre os desafios do país pela frente, Gomes entende que um deles é a questão da desigualdade entre diferentes cidades e regiões, onde por vezes nem eletricidade chega. E a questão energética é fundamental para esse assunto, na medida em que tudo demanda energia. No entanto, o executivo se mostra cético com relação as alternativas vindas de outros contextos: “Não podemos cair no erro ou nos dar ao luxo de importar modelos prontos e soluções de países que tem outra realidade. Somos um país em construção”, ressaltou.
Uma das tônicas do debate foi com relação a defasagem de profissionais especializados para o setor, como no caso de salvaguardas nucleares, e o difícil momento pelo qual atravessam os institutos de pesquisa e desenvolvimento do país, que convivem hoje com uma realidade de escassez de recursos humanos, insuficiência de bolsas de estudo e muitas aposentadorias.
“Precisamos dessa renovação técnica e por isso o evento é tão importante para a motivação de novos colaboradores. Outra frente é a aproximação e integração das unidades de pesquisa e empresas com a universidade”, comentou o diretor do Instituto de Engenharia Nuclear, Fábio Staude.
Já a analista da Eletrobras, Karla Lepetitgaland, enxerga um potencial enorme para contratação de novos profissionais no setor, que tendem a ganhar altos salários pelos seus conhecimentos técnicos. Outro tema tratado foi Angra 3, que aguarda decisões do Governo para definir os modelos de negócios e assim atrair os investidores interessados na conclusão da usina, cujas obras foram paralisadas em 2015, e que tem uma previsão cravada para começar a funcionar em 2026.