A Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco) avaliou que manter o horário de verão não se justifica mais, pois a economia de energia gerada com a medida não se apresenta mais como relevante na atual conjuntura do setor elétrico nacional.

Segundo a Associação, o horário de verão, em vigor desde 1931 e que neste ano iniciará em 4 de novembro, já foi muito importante para a economia de energia no país. Porém, a entidade aponta atualmente um movimento contrário, com o aumento no consumo de eletricidade nos últimos anos.

“Os motivos para o horário de verão existir diminuíram ao longo do tempo. Este fator já não tem tanta relevância como antes”, comparou o presidente da Abesco, Alexandre Moana.

A argumentação da entidade tem relação com o aparelho que se tornou o maior vilão do consumo de energia no país: o ar-condicionado. “Na prática, na maior parte do Brasil, esse aparelho é usado ao máximo. Por isso, essa mudança de horário não faz mais sentido”, enfatizou Moana.

Para se ter uma ideia, nos 126 dias em que esteve em vigor entre o final de 2017 e início de 2018, o horário de verão gerou uma economia de apenas 74,2 MWh em 234 cidades atendidas pela CPFL Paulista, o equivalente ao abastecimento de uma cidade como Campinas (que possui de 1,1 milhão de habitantes) por apenas oito dias.

Ainda segundo o presidente, o cenário é bastante diferente de décadas atrás, quando o chuveiro elétrico era considerado o grande causador de desperdício. O ar-condicionado exige mais tempo de uso. “Se alguém liga este aparelho maior, geralmente, são para períodos maiores; para dormir, por exemplo. Então, conclui-se que a temperatura é o que mais influencia os hábitos do consumidor e não a incidência da luz”, observou.

 Eficiência Energética

Moana também comentou que o aparelho de ar-condicionado tem a possibilidade de ser ainda mais eficiente do que o chuveiro, desde que haja um isolamento adequado do ambiente em que ele está instalado.

“O chuveiro tem 96% de eficiência energética. Já o ar-condicionado, é variável. Se houver uma fresta no ambiente, pode haver desperdício de cerca de 20% de energia.

Ele lembra também que a instalação de um ar-condicionado com tamanho diferente do ideal pode gerar mais de 30% de perda. “Se a casa for construída com a parede mais fina do que deveria e o sol estiver batendo justamente nela, o gasto de energia, desnecessariamente, pode superar os 40%”, complementou.

Outro fator que poderia deixar o ar-condicionado mais eficiente é o dimensionamento dele de acordo com o tamanho do ambiente. Um ar-condicionado pequeno para a sala vai gastar mais tempo para refrigerar o local. Há também casos em que o aparelho é muito grande, tem uma potência maior, não justificando o uso se o local de instalação é menor.