O governo vai aprofundar nos próximos dois meses os estudos para a retomada de Angra 3, para que o edital da licitação que vai escolher um parceiro para o empreendimento possa ser lançado no ano que vem. As premissas do edital e o tipo de licitação serão definidos por um grupo de trabalho vinculado ao Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos.

O primeiro passo para tornar o empreendimento atrativo aos investidores foi dado no dia 9 de outubro, quando o Conselho Nacional de Política Energética aprovou preço de referência de R$ 480,00/MWh para a energia da usina. A preço atual de Angra 3 está na faixa de R$ 240/MWh.

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Jr, comentou em conversa com jornalistas na última quinta-feira, 18, que “já estaria muito satisfeito” se o documento com as regras da licitação fosse lançado até meados de 2019. Ele lembrou que 63% da usina estão prontos e que a nova tarifa abre a perspectiva de aporte de recursos por um parceiro, que não existe com a tarifa vigente.

“Agora, com essa tarifa de R$ 480, você consegue alguém que possa colocar dinheiro e ver perspectiva de retorno do investimento. E, óbvio que, do outro lado, gente disposta a financiar. Não é só capital próprio, não é só equity”, disse o executivo. Ele lembrou que o governo já conversou com os cinco empreendedores internacionais especializados na área nuclear, e garantiu que não resta dúvida em relação ao interesse dessas empresas.

Em um exercício teórico do que poderia ser o mais lógico a fazer, Ferreira Jr imagina que o critério de escolha do parceiro para o projeto nuclear poderia ser o de menor participação dentro da sociedade, mantida a tarifa de R$ 480/MWh. Esse sócio jamais poderá ter 50% da usina, por limitações legais.

As obras de Angra 3 estão paralisadas desde 2015, quando os consórcios construtores, formados por empresas envolvidas nas denuncias de corrupção da Operação Lava Jato, abandonaram a construção. Para concluir o empreendimento, será necessário investir R$ 14 bilhões.

A usina tem potencia instalada de 1.405 MW e sua operação vai representar acréscimo de 7,2% da energia armazenável máxima do subsistema Sudeste/Centro-Oeste. O Custo Variável Unitário  de R$ 30MWh.