O maior fundo de pensão canadense CPPIB e a Votorantim Energia compraram o controle acionário da concessionária paulista Cesp, em leilão promovido pelo Governo de São Paulo nesta sexta-feira, 19 de outubro, na B3. O lance vencedor de R$ 14,60 por ação representou um ágio de 2,09%. Não houve concorrentes. Foram arrematadas 116.450.297, equivalente 35,6% do capital social. No total, as empresas terão que desembolsar R$ 1,7 bilhão pelos papéis, porém a operação pode chegar a R$ 6 bilhões caso as empresas realizem uma oferta pública de ações para comprar 100% do capital da Cesp.

“Somos investidores de longo prazo e estamos muito satisfeitos com a transação. Isso evidência nosso compromisso de longo prazo com o Brasil e com a América Latina”, declarou Ricardo Szlejf, diretor de infraestrutura para América Latina da CPPIB (Canada Pension Plan Investiment Board). O fundo administrava cerca de US$ 366,6 bilhões em ativos.

O CEO da Votorantim Energia, Fábio Zanfelice, disse que a aquisição faz parte da estratégia de crescimento da empresa. “Nós temos interesse em investir em energias renováveis no Brasil e nesse momento a Cesp se encaixou nessa estratégia de crescimento”, comentou o executivo. Zanfelice evitou antecipar detalhes sobre os planos para a Cesp. Segundo ele, a ideia é que as empresas utilizem capital próprio para pagar pela operação, cada um se comprometendo com 50% dos desembolsos.

Além do valor que será desembolsado pelas ações, os compradores terão que pagar um valor adicional de R$ 1,4 bilhão a título de bônus de outorga à União. Esse valor será uma contrapartida pela extensão por mais 20 anos do contrato de concessão da hidrelétrica Porto Primavera (1.540 MW), cuja outorga vence em 2028.

O secretário de Energia  e Mineração de São Paulo, João Carlos Meirelles, comemorou o resultado do leilão, lembrando que há 20 anos o governo paulista tentava privatizar a companhia. Para ele, o Estado precisa concentrar seus recursos em áreas onde o setor privado não tem interesse em investir. Os funcionários da Cesp têm direito a 5% do capital social da companhia detido pelo governo do estado, equivalente a 16.375.710 ações ordinárias. Destas 1.202.700 ações foram oferecidas a preço subsidiado, a R$ 7,15; e 15.173.010 ações pelo preço mínimo de R$ 14,30. Com isso, a arrecadação total do estado deve chegar a R$ 1,96 bilhão após a conclusão da operação.

A conclusão da transação e a transferência do controle da Cesp está sujeita a autorização dos órgãos reguladores competentes, incluindo a prévia anuência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a aprovação da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Segundo Zanfelice, a expectativa que a assinatura do contrato de concessão aconteça entre o fim deste ano e o início de 2019. “A partir daí a gente vai começa a divulgar a estratégia da empresa”, disse.