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O último relatório do Intergovernamental Panel on Climate Changes, que foi divulgado no início do mês, não trouxe boas notícias para o cenário de mudanças climáticas. No Brasil, a região Nordeste continuará despontando como uma da mais afetadas. De acordo com Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e membro do IPCC, as chuvas na região vão cair ainda mais e a bacia do rio São Francisco continuará a perder água. A temperatura deve subir em torno de 2,5ºC. “Nós podemos prever tempos climáticos muito difíceis para a região Nordeste brasileira”, afirmou o professor, que participou de nesta sexta-feira, 19 de outubro, do Diálogo de Talanoa, evento promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, no Rio de Janeiro (RJ).
Para o professor, o Brasil tem que intensificar o investimento em renováveis, principalmente na região Nordeste com eólicas e solares, além de hidrelétricas no país. Segundo Artaxo, que também é membro da coordenação do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, essa ofensiva já está sendo feita pelo Ministério de Minas e Energia, mas ele quer mais. “Quanto mais intensificarmos esse tipo de renovação do parque energético brasileiro, melhor para todos”, avisa. Ele pediu ainda um redesenho no planejamento energético brasileiro, de modo a priorizar a inserção das renováveis e minimizar o fomento a térmicas, que segundo ele, ainda que sejam movidas a gás natural, não são ambientalmente mais vantajosas.
A necessidade de uma reformulação do sistema de transporte público e privado no Brasil também foi salientada por Artaxo. Sem ver uma política pública para o tema, ele pede a entrada do veículo elétrico para reduzir as emissões de carbono, mesmo sabendo que o processo de inclusão será lento. “Isso vai requerer um tempo de adaptação muito grande, porque não troca uma frota como a de São Paulo, de sete milhões de carros, do dia para a noite. Quanto mais cedo iniciarmos esse processo, melhor”, observou.
O Diálogo de Talanoa – cujo nome vem das Ilhas Fiji e significa as decisões que são tomadas por meio de um diálogo inclusivo, participativo e transparente – também contou com a presença de Thiago Mendes, Secretário de Mudança do Clima e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, que lembrou que é importante para vários setores nacionais o cumprimento das metas do acordo de Paris, já que os impactos das mudanças climáticas fazem com que o país perca vantagens climáticas, como mais de uma safra por ano.
Outro ponto considerado que o secretário do MMA ressaltou foi a linha em parceria com o BNDES para geração distribuída. Os recursos do Fundo Clima tiveram forte procura e uma leva de crédito está sendo elaborada.