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A tendência que o Brazil Wind Power 2018 apresentou ao mercado brasileiro começa a se concretizar, o país passará a ver turbinas de maior porte cada vez mais presentes nos novos parques. Com a decisão da Vestas de produzir o modelo V150 de 4,2 MW a empresa dinamarquesa inicia uma nova fase em sua presença no mercado brasileiro e é a primeira fabricante a oficializar esse caminho de acordo com as regras de nacionalização do BNDES.
O ponto de partida para a efetivação do investimento que deverá ficar na casa de 23 milhões de euros veio com o anúncio do negócio com a Echoenergia para quem a empresa fornecerá 24 máquinas para o complexo eólico Serra do Mel, totalizando 101 MW. Mas as perspectivas futuras levaram à decisão de aportes. “Ninguém viabiliza um importante investimento desse volume em uma planta de produção por pouco mais de 100 MW em contratos”, explicou o presidente da Vestas no Brasil e América Latina Sul, Rogério Zampronha. “Durante a feira [BWP 2018] já tínhamos isso claro e a decisão é o reflexo do mercado nacional que deve ter volumes de razoáveis para bons nos próximos anos, não como no passado, gostaríamos que fosse assim, mas entendemos que ter a fabricação de uma turbina moderna como esta traz um bom potencial”, acrescentou ele.
A empresa toma como base para as suas análises os dados contidos no PDE 2026 que aponta para um volume entre 1,3 GW a 1,6 GW somente para a fonte eólica e isso sim justifica o aporte anunciado esta semana, que é semelhante ao aplicado anteriormente quando a empresa ergueu sua fábrica no estado do Ceará, local de produção desse novo modelo.
Aliás, essa unidade de produção deverá passar por ajustes para poder atender a fabricação da V150, que possui um porte maior que a atual plataforma de 2 MW. Entre os itens está a ampliação de área, alteração de equipamentos como as pontes rolantes e expansão de áreas para a movimentação dos equipamentos de maiores dimensões.
As obras, detalhou Zampronha, começam a ser realizadas no início de 2019 com intervenções que ainda podem ser realizadas com a fábrica em funcionamento. Após isso, as ações de maior porte deverão ser realizadas após as entregas agendadas para o ano que vem. Então, cronograma indica a parada para a instalação de novos equipamentos. “No final de 2019 já estaremos funcionando, pois começam as entregas para o projeto que anunciamos”, destacou o executivo.
Os equipamentos que serão fabricados ali serão destinados apenas ao mercado nacional. Para outras regiões da América do Sul ainda é mais competitivo equipamentos produzidos, por exemplo, na Ásia. Por aqui, as máquinas atendem aos requisitos do BNDES para o Finame.
Ainda sobre as perspectivas de mercado local, Zampronha voltou a dizer, assim como no BWP 2018, que a expansão do ACL pode ser um caminho interessante para a complementação da demanda por aerogeradores por aqui. Ele lembrou que a expectativa no início de agosto, de um A-6 com cerca de 1 GW era um volume factível de ser trabalhado e que essa complementação poderia vir do mercado livre.
Em sua análise, a venda de algo próximo a 60% da garantia física dos parques eólicos no certame do final de agosto mostra que os geradores devem estar vendo uma demanda potencial para o ACL que parece ser interessante e podem acrescentar volumes adicionais à matriz elétrica. Agora, disse ainda que é importante para os próximos anos que o candidato que venha assumir o governo mantenha a bem sucedida metodologia de planejamento que o país passou a adotar a partir da gestão do ex-ministro Fernando Coelho e sua equipe, que em sua opinião baseou-se em fatores técnicos e de transparência para a decisão em um modelo amplamente regulado como é o do setor elétrico brasileiro.
“Com a política anterior foram verificados benefícios para o planejamento da matriz de forma antecipada e, com isso, vimos a redução do custo de energia. Imagino que essa metodologia possa perdurar em qualquer um dos lados porque as coisas boas se mantém. Acho improvável uma mudança dramática racioanalidade dos leilões”, finalizou.