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Lideranças empresariais dos diversos segmentos do setor elétrico admitem ter expectativas positivas em relação ao governo de Jair Bolsonaro. Eleito presidente da República no último domingo, 28 de outubro, o militar reformado e sua equipe fizeram alguns acenos durante a campanha eleitoral que explicam o otimismo do mercado, mas alguns dos dirigentes de associações ouvidas pela Agência CanalEnergia deixaram claro o quanto essas expectativas estão atreladas às mudanças que cada um entende como importantes para o setor.

O presidente do Fórum das Associações do Setor Elétrico, Mário Menel, afirmou que o mercado está otimista como novo governo por várias razões, e cita as duas que se destacariam nesse rol de motivos. A primeira seria a disposição para o dialogo demonstrada em duas reuniões – uma com o general da reserva Osvaldo Ferreira, cotado como eventual ministro de Infraestrutura, e outra com o professor Luciano de Castro, responsável pelo programa de energia do então candidato.

A segunda razão foi o anúncio de Castro de que a visão do governo estaria voltada para o mercado, com a sinalização, inclusive, de que haveria uma abertura mais rápida que a proposta pelo Ministério de Minas e Energia no atual governo. “A partir desses dois princípios, diálogo e atuação liberal, acredito que pode ser construído um melhor futuro para o setor elétrico brasileiro”, disse Menel, que também preside a Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia Elétrica.

O presidente da Associação Brasileira dos Geradores Termelétricos, Xisto Vieira Filho, também destacou o viés liberal e o desenvolvimento sustentável do setor como pontos importantes da agenda do futuro governo. “Pelo que eu estou sentindo, a equipe do Bolsonaro é uma equipe voltada totalmente para o mercado. Então, acredito eu, a turma dele vai entender claramente a necessidade de geração térmica para dar segurança energética ao sistema.”

O presidente executivo da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia, Reginaldo Medeiros, apontou como importante para o novo governo a montagem de uma equipe capacitada e afinada com o setor elétrico, que tenha diálogo com os agentes do mercado e, principalmente, que consiga aprovar o novo modelo comercial já discutido em consulta pública pelo Ministério de Minas e Energia. “O importante é que ele encerre a dinâmica negativa de repasse de custos para os consumidores e de aumento das tarifas”, aconselhou Medeiros.

Para o executivo, há três princípios fundamentais que devem ser levados em conta: abertura de mercado, mais competição e estimulo à eficiência dos agentes, com destaque para este último ponto. “O valor mais importante hoje é a competição. Ao longo dos anos, alguns segmentos do setor têm sido blindados pelo governo, pelas politicas implantadas”, disse o representante da Abraceel. Em sua avaliação, o governo não deve ficar preocupado com medidas emergenciais, e sim em resolver os problemas estruturais do setor elétrico.

“Nós desejamos sucesso ao novo governo e desejamos que sejam cumpridas as promessas que faziam parte do programa de governo”, declarou o presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica, Nelson Leite. O executivo acrescentou que o segmento de distribuição de energia elétrica está disposto a colaborar com o governo para um ambiente de negócios que  permita o funcionamento pleno do mercado.

Leite disse que a eleição do novo presidente da República gerou expectativas das empresas em relação à manutenção de regras estáveis para o setor. “As distribuidoras de energia elétrica têm uma expectativa de que possamos ter um ambiente de negócios pautado pelos respeito aos contratos, pautado pela sustentabilidade dos negócios e pautado pela busca da modicidade tarifaria e redução dos subsídios, de maneira a obter uma tarifa mais justa para os consumidores de energia elétrica”, completou o executivo.

Para o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Geração de Energia Elétrica, Flávio Neiva, a primeira impressão em relação ao novo governo é de que vai haver uma mudança muito significativa, principalmente na expansão da oferta de energia elétrica. Ele destacou as declarações de assessores de Bolsonaro sobre a necessidade de examinar melhor os projetos hidrelétricos que não saíram do papel por dificuldades de licenciamento ambiental.

Além da referência à hidroeletricidade, haveria também uma abertura a investimentos privados no setor, mas não se sabe ainda se na oferta de energia nova, por exemplo, ou no parque existente, disse o executivo. “Nós vemos [essas sinalizações] com muito boa expectativa, porque temos gargalos exatamente nesse campo da expansão. Uma definição segura da matriz quanto ao que deve ser [priorizado]. Da preferência à hidroeletricidade e também às energias alternativas”, afirmou o dirigente.

Ele disse não ter ouvido falar em termoeletricidade no programa de governo, mas observou que é inevitável a inclusão da fonte termelétrica em complementação às hidrelétricas. São essas duas fontes, ponderou o presidente da Abrage, que garantirão a entrada no sistema de grandes blocos de energia, quando houver a retomada do crescimento econômico.

O presidente do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico, Marcelo Moraes, revelou que o Fmase aguarda com ansiedade a composição do governo Bolsonaro. “Existe essa dúvida sobre uma eventual fusão entre os ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura. A gente sabe que o viés do novo presidente é um pouco mais liberal do ponto de vista ambiental. Então, a gente vê isso também com bons olhos por um lado, mas também com uma certa preocupação de outro.”

Moraes avaliou que o setor tem mais a ganhar do que a perder, e lembrou que a celeridade do processo de licenciamento ambiental sempre foi defendida pelo fórum como necessária, dentro de um modelo que concilie desenvolvimento e geração de emprego e renda com preservação do meio ambiente. Ele disse que nos últimos anos, muitas regras novas tornaram o processo de licenciamento burocrático e moroso, e talvez agora seja possível dar maior velocidade a esse processo. “Talvez haja uma conversa  um pouco mais aberta e a gente possa voltar, por exemplo, a pensar em hidrelétricas com reservatório, que é uma dádiva que o Brasil e pouquíssimos países têm.”