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As elétricas Eletrobras, Cemig e Petrobras ficaram entre as maiores baixas no pregão desta segunda-feira, 29 de outubro, na B3. Um dia após as urnas confirmarem Jair Bolsonaro (PSL) como novo presidente, a ação da Cemig PN fechou o dia cotada a R$ 11,39 (PN), queda de 5,48%. A Eletrobras ON caiu 5,53%, a R$ 22,03.  A Petrobras PN ficou em R$ 26,42 (-4,28%).

O resultado negativo das principais elétricas estatais do país foi acompanhado de uma queda de 2,24% no Ibovespa, após o indicador atingir uma máxima intradia no começo do pregão de 88.377,16 pontos (+3,10%). O dólar também começou o dia positivamente e chegou a ser negociado abaixo de R$ 3,60, mas fechou com alta de 1,51%, vendido a R$ 3,70.

De acordo com o economista e professor da FIA, Alexandre Cabral, a mudança de trajetória aconteceu devido aos Estados Unidos. “O mercado abriu em euforia total, com o dólar caindo 1,60% a bolsa subindo 3,5%. Só que no final da manhã quando começou a abrir as bolsas norte-americanas tudo inverteu”, disse. Para o especialista, dólar já antecipou a eleição do candidato do PSL, uma vez que a moeda chegou a ser negociada a quase R$ 4,30 há um pouco mais de mês.

Alexandre Furtado, analista de energia da corretora Lopes Filho, disse que é comum no momento de euforia os analistas recomendarem ativos de maior risco. No caso do setor elétrico, seriam os ativos da Eletrobras, Cemig e Copel. “Acontece que Eletrobras subiu quase 60% este mês, Cemig 70% e Copel 20%. Como recomendar papéis que subiram tanto? Talvez o mercado já subiu o que tinha que subir antes”, disse.

Para Furtado, o grande salto da bolsa de valores já aconteceu. “O mercado está comemorando a vitória do Bolsonaro. O presidente tem um ministro da Fazenda com ideias liberais que vão ao encontro do que o mercado pensa, mas agora o mercado quer ver se essas coisas vão acontecer, porque o desafio que existe pela frente é gigante”, analisou.

Furtado não acredita, por exemplo, na privatização da holding Eletrobras, justamente por conta do preconceito de Bolsonaro em relação ao capital chinês. No caso da Cemig, também há ceticismo quanto as intenções do governador eleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), vender o controle da elétrica mineira.

Segundo o professor Cabral, a equipe do Bolsonaro está avaliando 150 empresas estatais, dessas 50 devem ser privatizadas ainda em 2019. Porém, o novo presidente já sinalizou que não pretende vender a Eletrobras, os bancos do Brasil e Caixa, nem a petroleira Petrobras.

Para ele, o mercado está cauteloso com o novo governante do país, pois enquanto o provável futuro ministro da Fazenda Paulo Guedes é um ultraliberal, Bolsonaro tem um histórico mais estatizante. “O que o mercado está ansioso para descobrir os nomes que vão comandar as estatais. Ele vem prometendo nomes técnicos”, destacou o economista da FIA.

Simão Davi Silber, professor sênior da FEA/USP e doutor em economia pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, disse que a probabilidade de as privatizações avançarem é maior com Bolsonaro do que com Michel Temer, pois o presidente emedebista acabou queimando capital político para se livrar de denúncias no Congresso.

Segundo Silber, existe uma expectativa de aceleração do crescimento da econômica em 2019, o que deve favorecer o setor elétrico. “Ao invés de um PIB de 1,35% deste ano, podemos ter algo próximo ao dobro disso em 2019. Sem dúvida a demanda de energia é uma faceta importante nesse processo. É um indicador de curto prazo muito sólido da atividade econômica. Portanto, vai haver uma demanda por energia de uma maneira mais geral, não só elétrica, mas de outros insumos energéticos que são necessários para a produção.”

Silber vê com otimismo a nova agenda do Governo Federal. Bolsonaro pretende dar independência para o Banco Central e isso dará maior credibilidade para o país, avaliou o economista. Um programa de concessão e privatização ajuda a atrair investimento capaz de acelerar o crescimento econômico.

Ele não acredita em um crescimento da economia para além do projetado pelo mercado em 2019, pois existe muita capacidade ociosa nas fábricas brasileiras e o desemprego está muito alto, com os consumidores cautelosos em relação ao futuro do Brasil. “É bom o Bolsonaro não ficar com essa ideia de jerico de que não pode capital chinês. Nós precisamos de muito capital, pois o que está disponível no Brasil é razoavelmente limitado. Então a presença do capital estrangeiro deverá ser acentuada no setor de infraestrutura.”