A italiana Enel apresentou um lucro líquido de pouco mais de 3 bilhões de euros de janeiro a setembro de 2018, um crescimento de 15,1% quando comparado ao mesmo período do ano passado. O resultado, atribuiu a empresa, deve-se ao aumento do resultado ebit (antes de juros e impostos) que somou 7,4 bilhões de euros, aumento de 3,1%, e à redução nas despesas financeiras, principalmente devido à gestão dos passivos financeiros.
O resultado ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou 12,1 bilhões de euros ao fim de setembro deste ano, um aumento de 6% quando comparado aos três primeiros trimestres de 2017. Dentre os destaques nessa linha do balanço da companhia ficou com o crescimento das renováveis, com a renda gerada pela alienação de 80% do capital de oito empresas no México, o aumento das margens no Brasil após a aquisição da Eletropaulo, nos Estados Unidos, após a aquisição da EnerNOC e em distribuição na Itália e Espanha.
Por regiões onde atua o resultado ebitda da companhia ficou em 5,5 bilhões de euros na Itália, logo após vem as operações na América do Sul com pouco mais de 3 bilhões de euros, queda de 3,2% nessa localidade na comparação com o reportado um ano antes. Em terceiro lugar vem a atividade da Enel na Espanha, que respondeu por 2,7 bilhões de seus ganhos operacionais, crescimento de 6,9%. Os 899 milhões de euros que completam o resultado são a soma das atividades da empresa no restante da Europa e norte da África, na América do Norte e Central, além da África, Asia e Oceania.
A receita da Enel somou 55,2 bilhões de euros nos nove meses de 2018, aumento de 2% ante o reportado 12 meses antes. Esse crescimento, explicou a empresa, reflete, principalmente, as mudanças no escopo de consolidação relacionadas à aquisição da Eletropaulo em junho de 2018 e EnerNOC, agora Enel X North America, em agosto de 2017, e ao aumento das receitas de distribuição na Itália e na Espanha, que mais do que compensaram redução nos volumes de negociação de commodities e evolução cambial adversa, especialmente na América do Sul.
A dívida líquida da Enel ao final de setembro era de 43,1 bilhões de euros, aumento de 15,3% quando comparado ao encerramento do ano passado quando esse valor estava em 37,4 bilhões de euros. Essa elevação tem direta participação da operação brasileira da companhia. O aumento reflete aquisições durante o período, especificamente da Eletropaulo, bem como a oferta pública para todas as ações da subsidiária Enel Generación Chile, que foi realizado como parte da reorganização das participações do Grupo no Chile, o pagamento de dividendos para 2017, investimentos para o período e impacto da taxa cambial.
Na análise do CEO da Enel, Francesco Starace, divulgada no comunicado da companhia, a Enel confirmou um conjunto de resultados classificados por ele como sólidos, registando um aumento do rendimento líquido de dois dígitos em relação período do ano passado. As renováveis, destacou, foram mais uma vez a principal força motriz por trás desse desempenho, enquanto a diversificação do footprint provou ser eficaz para suportar a desenvolvimento atual e adverso de certas taxas de câmbio. Além do forte crescimento renovável, ele apontou ainda a melhora das margens registradas nas atividades de distribuição e varejo na Itália e na Espanha, a aquisição da Eletropaulo, bem como a expansão da Enel X na América do Norte. Esses fatores contribuíram para o crescimento do desempenho nos primeiros nove meses de 2018. Por outro lado houve a venda de uma participação majoritária de 1,8 GW de capacidade renovável no México por US$ 1,4 bilhão.
Os investimentos da Enel somaram 5,2 bilhões de euros, queda de 6,5% ante o aplicado nos nove meses de 2017. O principal destino dos aportes é seu mercado local, a Itália com 1,6 bilhão de euros, seguido de perto pela América do Sul com 1,4 bilhão de euros. Nesse primeiro houve elevação de 42,5% e no segundo, queda de 34,1%, basicamente por conta de menor volume de investimentos em parques eólicos e fazendas solares no Brasil e Peru.
A energia gerada pelo Grupo Enel nos primeiros nove meses de 2018 totalizou 187,8 TWh, aumento de 3,3 TWh no mesmo período de 2017 ou 1,8%, decorrente, principalmente, ao aumento no Brasil, no Peru e na América do Norte e Central, que mais do que compensaram a queda na produção, Espanha. O objetivo de longo prazo do da Enel continua ser o de descarbonizar seu mix de geração até 2050. Em 2019, cerca de metade da capacidade total do grupo de 83 GW deverá ser representada por energia renovável geração, ao se confirmar esse plano, as fontes renováveis deverão ter um incremento de pelo menos 10 pontos porcentuais na matriz da empresa, atualmente está em 40% do mix de geração, a fonte térmica está em 50% e 10% é nuclear.