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Considerado como um dos maiores problemas do setor elétrico hoje, o GSF não tem conceito diferente na hidrelétrica de Jirau (RO – 3.750 MW). De acordo com o presidente da Energia Sustentável do Brasil, Victor Paranhos, o projeto de lei que está em discussão no Senado Federal não resolve o problema de usinas estruturantes, como Jirau, Santo Antônio ou Belo Monte. “Mais prazo não resolve. O que resolve é ter um MRE que represente o risco hidrológico”, afirma.

Segundo ele, deve-se alterar a estrutura do GSF, em que mesmo se chover acima da média de longo termo, ele persiste. “Se chover acima da média, tem  que ter GSF 100, a estrutura do MRE esta errada hoje em dia não pode ter”, salienta.  Ele também quer mais energia livre, com uma descontratação no mercado regulado e uma readequação das usinas estruturantes ao modelo atual. O executivo tem sentido grande disposição na nova diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica, com o diretor André Pepitone à frente, em sanar esses entraves, “Ela [a diretoria] está encarando o problema e vendo qual o seu tamanho”, observa.

Ele também espera que a agência reguladora conceda um waiver de um ou dois anos a Jirau para a retirada de troncos. Voos de drones estão sendo usados e grandes troncos estão sendo cortados a montante do reservatório. O log boom da usina chegou a ser danificado após acúmulo de madeira.

O executivo acredita que só vai haver uma disposição de investidores em retomar a expansão hidrelétrica no país caso sejam resolvidos os problemas das usinas estruturantes. Dando como exemplo a transmissão, em que a solução dos problemas existentes trouxe de volta a competitividade para os leilões de linhas, Paranhos quer o mesmo para as UHEs. “Ninguém vai entrar em um setor que quem fez está com um custo brutal e não arranja solução. Empresário privado vive de exemplo”, ressalta.

Paranhos elogiou a disposição do General Oswaldo Ferreira, da equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro, de retomar os estudos para a implantação de hidrelétricas no Norte do país. Ele desafia os radicais contrários a usinas na região a visitarem Jirau e citarem um impacto negativo para a sociedade local. Segundo Paranhos, expectativas como as de contaminação por mercúrio, o aumento de malária e problemas com a pesca acabaram caindo por terra. Ele ressalta a importância que o aspecto do planejamento deve ter nesses estudos, para que as regiões que vão receber as usinas saibam aproveitar os recursos da melhor maneira possível. “Tem que acertar as cidades que vierem para ter as usinas”, avisa. Para ele, o país não pode abrir mão do potencial hidráulico da Amazônia.

Binacional – O acordo de cooperação firmado entre Brasil e Bolívia para os estudos de uma hidrelétrica binacional está seguindo. Segundo Paranhos, eles estão bem adiantados e mostram que a usina deverá ter um impacto ambiental reduzido tanto no Brasil quanto no país vizinho. “Dá para fazer, tem que ter vontade política”, frisa. Essa hidrelétrica ficaria localizada em Guajará Mirim e pode ser maior ainda que Jirau, com cerca de 4.600 MW. Na cerimônia de inauguração da UHE Jirau, em 2016, foi firmado um acordo entre a ESBR e a Eletrobras para os estudos. Nesse projeto, Paranhos vê a necessidade do agente privado, devido à dificuldade do estado em gerenciar tomadas de decisão em um processo complexo.

*O repórter viajou a convite da ESBR