A Eletrobras calcula em quase R$ 3 bilhões o potencial de reversão em seu balanço pós privatização das distribuidoras já vendidas até o momento. No caso das outras duas que ainda estão sob seu controle o valores são de pouco mais de R$ 1 bilhão com a Ceal e de R$ 4,7 bilhões na Amazonas Energia, empresa cujo certame está agendado para o próximo dia 27, apesar das incertezas criadas pela não aprovação de projetos para a privatização das empresas no Congresso Nacional.
De acordo com a empresa, ao total o potencial de impacto positivo seria de R$ 8,6 bilhões. O presidente da empresa, Wilson Ferreira Júnior, comentou nesta terça-feira, 13 de novembro, em teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados do terceiro trimestre do ano que até o dia 5 de dezembro deverá ter oficializado a transferência das 4 distribuidoras já vendidas ao assinar o contrato da Eletroacre e da Boa Vista. Com essas oficializações a empresa deverá registrar R$ 2,914 bilhões a título de reversão de passivo a descoberto das distribuidoras, com efeito positivo para o resultado da empresa no 4º trimestre.
Ferreira Júnior comentou que a publicação pelo governo de uma Medida Provisória que garantisse a privatização da Amazonas Energia seria algo do interesse público, dos consumidores e da empresa. “A expectativa é de que tenhamos sim essa MP no sentido de amparar a privatização”, comentou ele quando questionado sobre a expectativa de ação do governo que viabilizasse a venda da distribuidora.
Já no caso da Ceal, o executivo comentou que não seria o caso de uma MP até porque esse impedimento judicial vem de uma decisão decorrente da disputa entre o governo federal e o Estado de Alagoas. “Não temos nada a ver com essa disputa”, lembrou ele. Em sua análise essa distribuidora poderia ser privatizada sim enquanto as partes buscam a justiça, pois, acrescentou foi o caso no Piauí. “A privatização não deveria ser impedida por conta dessa dívidas. Esperamos que seja em breve analisado no STF. Estou otimista com MP para a Amazonas e no caso da Ceal no Supremo”, avaliou.
Essas são ações que constam do plano para recuperar as finanças da empresa, que segundo classificou o executivo, “está em um bom caminho”. Entre os pontos destacados estão a redução de número de empregados e de folha de pagamento que podem chegar ao final do Plano Diretor de Negócios e Gestão a 12.359 pessoas ao custo de R$ 3,2 bilhões, reduções de 52,4% e 51,6%, respectivamente, quando comparados aos números de 2016.
Em seu relato somente nas distribuidoras a Eletrobras deixará de ter 8.580 empregados ao privatizar esses ativos. São mais 2.056 no plano de demissão de 2017 e mais 3.013 no PDC em suas duas fases, número esse que é apenas uma estimativa, pois as adesões estão abaixo do esperado pela estatal, tanto que já houve duas expansões do prazo de adesão.
Já em custos com material serviços e outros, as distribuidoras responderão pela redução desse item em cerca de R$ 2,5 bilhões (lembrando que os valores referentes a Amazonas e Ceal são apenas estimativas) de um total de cerca de R$ 3 bilhões em redução desses itens que passariam de R$ 5,9 bilhões para R$ 3 bilhões em 2019.
No atual plano de demissão em andamento (PDC) em sua segunda fase a estimativa da Eletrobras é de que alcançasse 2.281 adesões, que resultaria em um custo de R$ 730 milhões e economia de R$ 660 milhões ao ano. Esses planos de demissão, lembrou o presidente da empresa devem-se ao fato de que a companhia está reduzindo sua estrutura com a adoção do ERP e do Centro de Serviços Compartilhados. “Vai sobrar muita gente com esses dois processos. Estão muito próximos do objetivo da companhia com a folha”, destacou ele.
A Eletrobras ainda tem entre seus planos a mudança de sede que passará de cinco prédios espalhados pelo Rio de Janeiro para apenas um. Tem a venda de SPEs ocorrida no terceiro trimestre que resultou em impacto positivo para a empresa em R$ 400 milhões, a serem reconhecidos assim que os contratos sejam assinados.
Retomada Angra 3
Ferreira Júnior disse ainda que o edital para a retomada das obras de Angra 3 deverá ser publicado no primeiro semestre de 2019. Com a deliberação do Conselho Nacional de Política Energética, o executivo disse que as questões da tarifa para viabilizar a continuidade do empreendimento e o prazo para sua entrada em operação estão equacionadas. A questão agora é publicar o edital para a contratação do que precisa para terminar a terceira central nuclear brasileira. “Acho que um prazo razoável é no ano que vem, durante o primeiro semestre”, comentou o executivo, que se disse aberto a conversar com o próximo presidente caso este opte por mantê-lo na presidência da Eletrobras.