O ano de 2019 ainda carrega diversas incógnitas quanto ao desenvolvimento da economia do país. Mas a perspectiva é de mudanças, mas independente desse cenário a EDP Comercializadora está otimista. A empresa aposta no segmento de comercializador varejista como um dos caminhos de crescimento sem deixar de lado a atuação em mercados tradicionais, e ainda, ser o veículo de gestão de energia e proteção contra o GSF para o grupo no Brasil.
“Nossa grande aposta para o ano é o comercializador varejista, continuaremos a investir em 2019 para que na hora em que o mercado abrir já tenhamos uma estrutura preparada para receber os consumidores que poderão migrar para esse ambiente”, revelou o diretor de Comercialização e Gestão de Clientes da EDP Brasil, Pedro Kurbhi, em entrevista à Agência CanalEnergia.
No primeiro semestre, a EDP já tinha assinado com o Banco do Brasil o maior projeto de comercialização de energia do País na modalidade varejista. A parceria visa atender 24 unidades consumidoras da instituição financeira, entre elas dois edifícios estratégicos em Brasília, centros de processamento e os maiores prédios corporativos do grupo em todas as regiões brasileiras. Com a migração para o ACL, a estimativa do Banco do Brasil é de poupar cerca de R$ 50 milhões em um período de cinco anos, o equivalente a mais de 30% de economia na conta de energia dessas unidades.
De acordo Kurbhi, esse é apenas o primeiro contrato na modalidade varejista da empresa. Em sua avaliação há muitas outras oportunidades de negócios. Afinal, lembrou, o mercado livre está em 27% da carga há bastante tempo. “Somente com a abertura da tarifa A, de média e alta tensão subiríamos para cerca de 50% do consumo nacional é um belo salto, é quase um mercado livre todo de hoje em dia, ainda é muita coisa”, destacou.
Dentro da EDP essa modalidade tem apresentado um crescimento classificado como interessante, mas os resultados principais ainda estão concentrados na comercialização tradicional, seja por meio de fonte incentivada ou convencional. Mas as perspectivas, comentou o executivo são interessantes. Ainda mais por conta da possibilidade de abertura do mercado conforme o cronograma que está na CP 33, inclusive com a determinação de que consumidores abaixo de 1 MW estejam sob o guarda chuva de um comercializador varejista.
“Na nossa visão é possível sim assumir volumes menores para entrar no mercado livre, mas desde que tenhamos um cronograma claro e os impactos nas distribuidoras não sejam desconsiderados”, apontou ele. “Tem que ser progressiva essa abertura, creio que para aqueles consumidores entre 200 e 300 kV já faz sentido”, avaliou o executivo, que disse ainda querer atender desde instituições sólidas como o Bando do Brasil como também a pequena indústria ou o comércio, que pode migrar ao ACL, mas que não tem condições de pagar consultorias e atender a toda a necessidade de estrutura para ser um agente. Mas, que para isso há já conhecida barreira natural por conta de uma eventual inadimplência, que demanda mudanças na regulação.
Inclusive, disse o diretor, a EDP gostaria que o novo governo continuasse com a CP 33, até porque, ressaltou, todos se organizaram para participar e contribuir. “Foi uma grande mobilização do setor e esse trabalho não pode ser jogado fora”, sugeriu. Outro ponto que deve estar no foco são as restrições de acesso a fonte convencional no mercado livre. Em sua avaliação esse fator deveria ser repensado uma vez que há oferta dessa fonte enquanto que a incentivada vem apresentando um prêmio que custou muito em 2018 em função da busca por esta energia pelos consumidores especiais uma vez que representam quase a totalidade das migrações.
Em outro campo, a empresa atua como veículo de gestão de energia do grupo EDP, ao afirmar que este é um dos seus principais objetivos. Kurbhi indica que a comercializadora atua no trade de energia sim, mas atua para proteger o negócio de geração da EDP contra o GSF além de também dar escoamento dos contratos de energia de geração e fechar acordos para a proteção dos ativos da subsidiária local da empresa portuguesa.
Hoje, comentou o executivo, a comercialização de energia vive um momento diferente no país, no geral. Antes era vista como ‘atravessadores’ e hoje é uma figura de mercado que traz liquidez, tanto aquelas que estão atreladas a grandes grupos quanto as independentes, em função das opções que oferece aos consumidores no país. Um reflexo disso é o dado que o próprio presidente da BBCE, Victor Kodja, que os contratos na plataforma giram em cerca de cinco vezes e que isso mostra o amadurecimento, bem como o volume intraday.
“Hoje as comercializadoras são os provedores de liquidez com todas as suas opções ao mercado de energia ao atender as diferentes necessidades do cliente. Cria competição e traz benefícios, haja vista a economia que o mercado livre tem proporcionado quando comparado aos consumidores no mercado regulado. É uma relação ganha-ganha e virtuosa”, defendeu.
Olhando para o curto prazo, o diretor disse que acredita ser este um momento de definição para os próximos meses. Apesar de o mês de maior hidrologia ser fevereiro é agora que as chuvas começam a formar os reservatórios ao umedecer o solo. Os níveis de armazenamento ainda não estão em um nível adequado, mas para ele o sistema está mais bem preparado para aproveitar a hidrologia que vier.
“Temos dois novos vetores que são o fim das restrições do Linhão do Madeira e Belo Monte. Ambos vão mudar o comportamento do sistema que está mais bem estruturado quando comparamos com os últimos anos. Por isso, a tendência é de preços mais comportados em 2019 e com menos volatilidade”, analisou. “Mas, isso pode mudar, pois o mais importante para o país é em primeiro lugar a hidrologia que se sobrepõe a todos os outros fatores. Bem atrás, em termos de importância, vem a disponibilidade térmica, questões regulatórias e até mesmo a carga”, concluiu.