O consumo de energia no mundo caminha para uma estabilidade relativa na demanda por petróleo e seus derivados e um crescimento mais acelerado das renováveis ao passo que as economias emergentes apresentam crescimento econômico ao incluir um número cada vez mais expressivo de pessoas das parcelas mais baixas de renda para um nível médio. Essa é uma das conclusões apresentadas pelo economista chefe do Grupo BP, Spencer Dale. A estimativa é de que a expansão no consumo de energia possa ficar entre 20% e 30% em diferentes cenários que são previstos pela empresa até 2040.
Segundo o executivo que esteve no Brasil pela primeira vez e recebeu a imprensa para falar do estudo anual da companhia, o crescimento da demanda foi identificado, principalmente, em países asiáticos como Índia e China, que vem incluindo cada vez mais pessoas de linhas mais baixas de renda familiar e que naturalmente acabam acessando mais bens de consumo, o que eleva o consumo relativo de energia. Por sua vez, países membros da OCDE deverão ficar com a demanda estável nesse período justamente por já terem passado pelo processo de desenvolvimento.
“O maior foco de crescimento da demanda por energia nos próximos 20 anos virá da Ásia, principalmente na Índia e China. Um terço da população deverá passar das faixas mais baixas de renda para a classe média e com isso aumenta o seu acesso a bens como eletrodomésticos e outros aparelhos, elevando assim o consumo”, relatou Dale.
O Brasil aparece com destaque diante da perspectiva global já que a estimativa é de crescimento acima da média estimada pela BP. A companhia britânica aponta para uma expansão de 60% no consumo de energia nesse mesmo período por aqui. Ainda mais porque diferentemente do que ocorre por exemplo na China onde há ações que vêm tornando o uso da energia mais eficiente, localmente há uma correlação entre o crescimento da economia com a expansão da energia muito próxima de um para um.
De acordo com o estudo, as renováveis serão responsáveis por cerca de 40% do aumento das fontes primárias de energia o que levará ao mix de fontes global ao mais diversificado já visto em toda a história. Enquanto isso a demanda por combustíveis líquidos deverão desacelerar, fenômeno esse já identificado pela Agência Internacional de Energia em estudo semelhante que realiza anualmente. Por outro lado o uso do gás natural deverá crescer de forma expressiva ao passo que o consumo de carvão, um dos combustíveis mais usados para a geração de energia já inicia sua trajetória de estabilidade com a demanda chinesa entrando em declínio.
A BP considerou sua análise em três visões sobre a transição energética que está em curso. A primeira é o uso final de energia, por região e por combustível. Nesse último item, comparando projeções de 2020 e 2040 há um grande avanço do gás natural e das renováveis, onde não está incluída a fonte hídrica. Óleo e carvão mantêm o nível utilizando métrica de toneladas de óleo equivalente.
Com isso, em 2040 a estimativa é de que óleo e gás sejam as maiores fontes de energia no planeta com algo próximo a 30% do total, seguido pelo carvão que cai a pouco mais de 20% do mix, as renováveis, cuja participação mais relevante é apontada a partir de 2010, antes apresentava indicador irrelevante, aparece com algo próximo a 15%, a hídrica com cerca de 5% e a nuclear na mesma ordem de grandeza. Essas duas últimas as que se apresentam mais estáveis na linha histórica traçada desde a década de 1970.
Spencer Dale lembrou que essas são estimativas do grupo que são utilizadas como um guia para a tomada de decisão da empresa em termos de investimentos. Mas, destacou que estudos dessa natureza são permeados de incertezas, por isso a existência de diversos cenários é considerada.
“Apesar de vermos uma queda no consumo de petróleo essa fonte ainda será importante e desempenhar um papel importante nos próximos 20 anos”, ressaltou. “Ainda teremos trilhões de dólares de investimentos globais nessa indústria”, acrescentou.