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A sexta-feira, 30 de novembro, para o setor elétrico foi marcada pela surpresa com o anúncio, ainda antes das 8 horas da manhã, do nome do futuro ministro de Minas e Energia, o Almirante de Esquadra Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Júnior, nascido no Rio de Janeiro e com 60 anos. A revelação, feita pela conta do presidente eleito, Jair Bolsonaro no Twitter, expediente comumente utilizado pelo futuro ocupante do Planalto, pôs fim a uma série de especulações sobre quem comandaria a pasta.
Nas últimas semanas circulavam nomes de deputados que estiveram relacionados diretamente a temas do setor nos últimos anos, ou ainda representantes técnicos como Paulo Pedrosa, que esteve reunido com a equipe de transição no CCBB, em Brasília, cerca de 15 dias atrás, ou do especialista Adriano Pires, mais ligado ao segmento de petróleo e gás. A surpresa se deu por ser este um nome praticamente desconhecido dos agentes do setor. Por isso, a expectativa agora se dá pela equipe técnica que será formada pelo gabinete do futuro ministro a exemplo do que fez Fernando Coelho Filho em 2016, que chegou na mesma situação de desconhecimento do setor e deixou o cargo em abril deste ano com uma avaliação positiva.
Do que se conhece do sexto militar a compor o próximo governo, o curriculum do novo ministro chamou a atenção. Profissionalmente, de acordo com a Marinha, é o atual Diretor Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), iniciou a carreira militar em 1973. Como Oficial submarinista, comandou os Submarinos “Tamoio” e “Tonelero”, a Base de Submarinos “Almirante Castro e Silva” e, também, a Força de Submarinos da Marinha do Brasil, tendo sido, ainda, Chefe de Gabinete do Estado-Maior da Armada, Chefe do Gabinete do Comandante da Marinha e Comandante em Chefe da Esquadra.
E ainda “Em sua formação, o Almirante Bento realizou os Cursos de pós-graduação em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília; MBA em Gestão Pública pela Fundação Getúlio Vargas; e MBA em Gestão Internacional pela COPPEAD da Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de vários cursos militares da Escola de Guerra Naval e do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra. No Congresso Nacional, atuou como Assessor Parlamentar do Gabinete do então  Ministro da Marinha e como Assessor-Chefe Parlamentar do Comandante da Marinha”.
A avaliação dos diversos especialistas ouvidos pela Agência CanalEnergia – tanto os que aceitaram aparecer quanto os que falaram em condição de anonimato – é unânime, ele chega com uma incógnita sobre o seu perfil e como atuará à frente do MME. Em decorrência de sua formação, pode ser que apresente-se com um viés mais político, mas isso não é possível de ser afirmado até que haja uma manifestação formal do futuro ministro.
O fato de que possui experiência e formação em Gestão Pública e atuou como assessor parlamentar pode ser interessante pelo fato de que os problemas no setor elétrico possuem questões políticas e técnicas, em paralelo. Por isso a questão da escolha do segundo escalão ganha uma dimensão mais abrangente, sendo natural a comparação com o que ocorreu em 2016 com o ex-ministro Fernando Coelho Filho.
No geral o tom é de aprovação pela escolha, apesar de existir esse desconhecimento do representante do executivo para o setor elétrico em 2019. “Ainda não é possível analisar a escolha do presidente eleito, uma questão que ganha peso aí é a formação da equipe técnica que precisa ser boa para atuar sobre os problemas do setor elétrico”, avaliou a diretora da Thymos Energia, Thaís Prandini. “Há o Luciano de Castro que é muito bem visto e possui um peso técnico que pode ser visto como referência no próximo governo. O que ocorre é que teremos uma comparação com o ocorrido com Fernando Coelho Filho”, acrescentou.
Alan Zelazo, sócio da Focus Energia, corrobora o fato do Almirante ser desconhecido do setor e que isso traz uma maior dificuldade para avaliar a escolha. “Nossa expectativa fica agora na indicação dos cargos técnicos, assim como fez o ex-ministro Fernando Coelho quando assumiu. Claramente essa decisão não é de nome tradicional da política e isso pode indicar que deveremos ver mais atuação técnica”, descreveu.