A Eletrobras divulgou na última sexta-feira (21) o seu Plano Diretor de Negócios e Gestão – PDNG para o período de 2019 a 2023, com foco em pontos-chave como rentabilidade, sustentabilidade e excelência operacional, entre outros. A holding projeta um investimento total de R$ 30,1 bilhões para os próximos cinco anos, dos quais R$ 28,2 bilhões em projetos próprios de geração (R$ 16,9 bilhões), transmissão (R$ 9,5 bilhões) e infraestrutura (R$ 1,7 bilhão). Cerca de R$ 1,9 bilhão será alocado nas Sociedades de Propósito Específico onde há participação.
Apenas no projeto envolvendo a usina nuclear de Angra 3, cuja retomada da construção será uma das prioridades na gestão do Almirante Bento Albuquerque à frente do Ministério de Minas e Energia, a Eletrobras prevê gastos de R$ 12 bilhões no quinquênio, por meio da Eletronuclear. O PDNG fala em “viabilizar a conclusão do empreendimento por meio de realização de chamada pública internacional, visando selecionar investidor global com capacidade técnica, financeira e de gestão”. As conversas para retomada do projeto envolvem ainda BNDES e Caixa.
No caso dos investimentos orçados em SPEs, o PDNG já considera a incorporação de empresas nas quais as subsidiárias do Grupo Eletrobras detenham participações majoritárias. A Eletrobras quer concluir, até o final de 2019, o programa de desinvestimento iniciado em 2018, com a venda de ativos que não sejam considerados estratégicos. Estão previstas a aplicação de R$ 863 milhões em projetos de geração ligados a SPEs e pouco mais R$ 1 bilhão em empreendimentos de transmissão vinculados a essas Sociedades de Propósito Específico.
Entre os pontos alinhados à meta de crescimento sustentável nos próximos anos está o recebimento da indenização de geração das concessões renovadas pela Lei 12.783/2013, a revisão do custo médio ponderado de capital (WACC) em geração e transmissão e a revisão tarifária de transmissão. A holding espera ainda pelo recebimento de parcela controversa da Rede Básica do Sistema de Transmissão Existente – alvo de ação na Justiça – e pelo ressarcimento de valores não reconhecidos pela gestão das distribuidoras em processo de privatização ao longo deste ano.
Corte de pessoal e novo ACT
No tocante à descotização das usinas pertencente às suas subsidiárias, a Eletrobras avalia “estudar alternativas e ações no âmbito jurídico, regulatório e legislativo” para viabilizar a medida nos empreendimentos já prorrogados, além de “propor alternativas para as usinas e empreendimentos cujo encerramento da concessão esteja próximo”. Tanto no caso das concessões de usinas já prorrogadas quanto no caso das que ainda vão vencer, o objetivo da Eletrobras é aumentar a receita de geração e recuperar a capacidade de investimento.
O corte de pessoal é ponto importante na parte operacional do PDNG, com o desligamento de 2.187 empregados em cinco anos, por meio de um Plano de Demissão Consensual. A economia estimada no período é de R$ 574 milhões por ano, com um custo de cerca de R$ 731 milhões. A empresa quer negociar ainda um novo Acordo Coletivo Trabalhista – ACT. No que chama de “sinergia societária de controladas regionais”, o Plano de Negócios prevê a reestruturação societária da Eletrosul, CGTEE, Eletronorte e Amazonas GT, além da consolidação do Centro de Serviço Compartilhado.
Estão contempladas ainda, como iniciativas gerais do Plano, pontos como a finalização da estrutura do programa de integridade já implementado em todas as empresas do grupo, a revisão de políticas e processos de recursos humanos e a criação de programa destinado à prevenção de doenças ocupacionais. O PDNG 2019-2023 considera como base as diretrizes apontadas no Plano Estratégico 2015-2030, que pretende levar a empresa, ao final deste horizonte, a estar entre as três maiores empresas globais de energia limpa e entre as dez maiores do mundo em energia elétrica.