A Eletrobras contestou o estudo divulgado nesta semana pelo Instituto Escolhas, que é contrário à conclusão da usina nuclear de Angra 3. O estudo aponta que, caso o investimento no término da obra fosse alocado na viabilização de projetos de geração solar, a economia para o país chagaria a R$ 12,5 bilhões ao longo dos próximos 35 anos. Em nota divulgada à imprensa nesta quarta-feira (26), a estatal afirma que “comparar fontes tão diversas com base apenas em custos projetados não contribui para uma discussão séria sobre a diversidade da matriz elétrica brasileira”.
A Eletrobras argumenta que, por ser intermitente, funcionando na média em apenas 25% do tempo, o custo associado à solar deve levar em conta sistemas de backup baseados em geração termelétrica – cujos preços, segundo a holding, podem ultrapassar os R$ 1.500/MWh. A tarifa-base para a remuneração de Angra 3, definida pelo governo federal em outubro deste ano, é de R$ 480/MWh. “Vale lembrar que, hoje, os custos da energia solar fotovoltaica são subsidiados pelo governo, o que dificulta qualquer tipo de comparação com outras fontes”, diz a nota.
A Eletrobras defende que a tarifa de R$ 480/MWh resultou de estudos da Empresa de Pesquisa Energética, tomando como base as características da geração nuclear. “O valor verificado restabelece a viabilidade da obra e está compatível com novos projetos de geração nuclear em outros países”, defende a estatal, que critica o estudo por imputar custos adicionais à energia nuclear sem demonstrar como os valores foram determinados. Entre eles, R$ 64/MWh a título de subsídios e isenções, sendo, na verdade, empréstimos concedidos pelo BNDES e pela Caixa.
“A construção de Angra 3 se mostra oportuna por preservar o domínio da tecnologia nuclear, bem como de mão de obra qualificada no país, o que pode ser crítico no futuro próximo. Em um momento em que as discussões ambientais se amplificam, cabe destacar que a fonte nuclear não é emissora de gases de efeito estufa”, defende a Eletrobras. A empresa aponta ainda, como vantagem, a disponibilidade do combustível nuclear no país. A estatal encerra classificando o estudo como “mera especulação de baixo valor técnico” e o acusa de distorcer fatos para incentivar a fonte solar.