As críticas da Eletronuclear ao estudo divulgado esta semana, questionando os custos envolvidos na conclusão de Angra 3, provocaram reação por parte do Instituto Escolhas. A entidade coordenou o trabalho que indica uma maior competitividade econômica de investimentos na fonte solar em relação à terceira planta nuclear do país, vantagem essa representada em uma economia de até R$ 12,5 bilhões aos consumidores nos próximos 35 anos – isso no caso de o empreendimentos não ser finalizado, dando lugar à fonte renovável.
Entre outros pontos, o Instituto Escolhas rebate as críticas observando a falta de transparência dos estudos técnicos produzidos pela Empresa de Pesquisa Energética que basearam a definição da tarifa de R$ 480/MWh, definida em outubro deste ano para a energia a ser gerada por Angra 3. Por não serem públicos, diz, não é possível verificar as hipóteses utilizadas e a alocação dos custos das externalidades. A entidade argumenta também que o valor da tarifa não foi resultado de um processo competitivo, como os leilões realizados anualmente.
O Instituto considera ainda “inconsistente” a comparação da Eletronuclear entre as tarifas de Angra 3 e de termelétricas mais caras no Sistema, como as movidas a óleo diesel. Isto porque, segundo ele, essa análise não leva em consideração o reforço no parque de geração e transmissão já contratado nos últimos leilões, além do próprio descomissionamento dessas usinas termelétricas mais caras, cujos contratos têm previsão de término a partir de 2023. “Estas térmicas já não estarão no Sistema quando Angra 3 iniciar sua operação”, afirma.
A entidade reafirma ainda que considera “subsídio” as taxas de 7% ao ano, em média, nas operações de financiamento realizadas pelo BNDES e pela Caixa para o projeto de Angra 3, contra os 12% anuais praticados atualmente como política pelo banco de fomento estatal. “O resultado é transferência dos custos para o contribuinte, seja pelo custo financeiro deste empréstimo ou pelo custo de oportunidade de investir em outros projetos para o desenvolvimento do país”, reitera o Escolhas, em nota divulgada nesta quinta-feira (27).
A organização defende ainda a precificação da energia solar em R$ 328/MWh no seu estudo, salientando que este valor já contempla, além dos custos com backup em razão da intermitência na operação, os valores referentes aos subsídios e incentivos dados a esse fonte. Desenvolvido em parceria com a consultoria PSR, o estudo do Instituto Escolhas sobre os custos envolvendo Angra 3 está disponível no site da organização. A metodologia que baseou o trabalho foi discutida em uma série de workshops abertos ao público em 2018.