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A Desttra Energia chegou ao mercado com metas ambiciosas, ser um dos principais negociadores de energia do mercado livre no Brasil. A empresa iniciou suas operações em dezembro de 2018, sendo a única vendedora no leilão A-1 promovido pelo Governo Federal.
“A gente vinha analisando esse produto a bastante tempo e sempre enxergamos essa oportunidade no submercado Norte, por ter esse descolamento do PLD [Preço de Liquidação das Diferenças] no primeiro trimestre do ano”, disse o diretor geral e sócio fundador da Desttra, Antonio Miguel Botta.
No leilão para contratar energia para atendimento das cargas das distribuidoras de energia, a comercializadora vendeu 4 MW médios à Companhia Energética do Amapá (CEA), ao preço de R$ 142,99/MWh, em uma operação que movimentou R$ 10 milhões.
Em um escritório moderno na Avenida Nove de Julho, endereço nobre da cidade de São Paulo, o executivo recebeu a Agência CanalEnergia para falar sobre os planos da empresa. Botta é um velho conhecido no setor elétrico, iniciou sua carreira na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e tem mais de 15 anos de experiência como trader no mercado livre. Em 2017, aproveitou o bom resultado da Deal Comercializadora, na qual era sócio, para realizar lucro e seguir com o seu sonho de ter sua própria empresa.
Trader é um termo utilizado no mercado para definir a empresa que tem como estratégia de negócio comprar e vender energia.
A Desttra chega ao mercado com um capital social de R$ 3 milhões e um respaldo bancário de R$ 30 milhões para ser utilizado como garantias financeiras. “Como nosso foco é trader, é fundamental ter facilidade para conseguir garantias bancárias. Os geradores exigem garantias para vender em contrato de longo prazo. Ao longo da minha trajetória, fiz um bom relacionamento com os bancos e a gente começa com R$ 30 milhões em finanças bancárias”, disse Botta.
O executivo acredita que o mercado livre tem muito para crescer. Esse crescimento, contou, passará inevitavelmente pelo varejo. Hoje o mercado livre é responsável por 30% do consumo nacional de energia elétrica do país.
Saber comprar bem para atender esses clientes de cargas menores é a principal estratégia da nova comercializadora. “O negócio de trader tem muito risco, mas isso não é um cassino. A gente conhece o mercado e sabe onde está pisando”, disse Botta. O objetivo é negociar 100 MW médios em 2019, volume suficiente para atender uma cidade de 400 mil habitantes.
GD NO RADAR
O segundo foco de negócio da Desttra será a geração distribuída. A empresa pretende começar com a construção de uma usina solar, que será viabilizada através da agregação de pequenas cargas. “Até como uma forma de atuar em paralelo ao trade, a gente está investindo em geração distribuída. Em 15 janeiro chega para trabalhar com a gente o Henrique Ribeiro, que será nosso Diretor de Novos Negócios”, disse o executivo.
A ideia é construir a usina para operar na modalidade de geração compartilhada, quando a energia produzida por uma única planta pode ser dividida e “alugada” para compensar o consumo de várias cargas em locais distintos. “Os dois caminhos para tirar o consumidor da distribuidora é mercado livre e geração distribuída e o mercado livre tem barreira. Vamos começar com um projeto pequeno, estamos estudando algo no Norte de Minas Gerais e Sul da Bahia”, antecipou Botta, destacando a redução de custo dos equipamentos para geração solar no mundo e a alta carga tributária do mercado cativo justificam o investimento.