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Apontado por Joaquim Levy como ponto nevrálgico da gestão que quer ter à frente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a busca por uma maior solidez na carteira de projetos financiáveis pela estatal já é uma realidade no que diz respeito ao segmento de energia eólica. Altamente dependente dos recursos da instituição, que apoia aproximadamente 95% dos parques já finalizados ou em andamento no país, o setor conta com essa “vantagem” para manter a proporção relevante de acesso ao crédito público.
“A fala do Levy nos deu conforto. A diretriz que ele quer adotar na política do BNDES já atende bem à realidade do setor de renováveis e de eólica em particular. Nosso pipeline já é estruturado e extremamente eficiente”, afirma a presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Gannoum. Ela destaca que as diretrizes agora reforçadas pelo novo comando do banco vêm sendo implantadas desde a gestão da ex-presidente Maria Silvia Bastos, entre 2016 e 2017, a partir de uma modelagem de projetos melhor trabalhada.
Somente nos nove primeiros meses de 2018, o banco de fomento desembolsou R$ 2,84 bilhões para a viabilização de eólicas, valor bem inferior ao liberado entre janeiro e setembro de 2017: R$ 4,85 bilhões. Os montantes, que incluem compra de equipamentos e obras de construção, correspondem a cerca de 70% dos recursos totais empreendidos nos projetos – a menor parte vem de equity (capital próprio) dos empresários e de demais fontes. Em paralelo, o surgimento do Banco do Nordeste como “rival” do BNDES movimentou o setor.
Gannoum explica que a entrada de um outro órgão público foi benéfica, principalmente por ter criado um benchmark para os empreendedores, algo que até então não havia, além de ter ampliado os canais de acesso a crédito. Ainda incipiente, o mercado de capitais, diz a executiva, ainda atua mais como estruturador de operações financeiras, mas não como financiador de grandes projetos. “É ilusão buscar nos bancos privados esse papel. As próprias regras de Basileia limitam o prazo de financiamento a 10 anos, enquanto os bancos públicos dão 15 anos”, cita.
Contratações – O apoio por parte dos órgãos de fomento deve suportar a expectativa de uma agenda maior de leilões de contratação para este ano. A ideia é que pelos menos dois certames ocorram até dezembro, como forma de atender às previsões de retomada do crescimento econômico do país e, consequentemente, do consumo de energia elétrica. A Abeeólica quer manter a média de contratação dos últimos anos, na casa de 2 GW. No ano passado, a marca chegou a 3,3 GW contratados, dos quais 2 GW apenas no mercado livre.
“A perspectiva é positiva com a nova equipe do setor de energia que assumiu no governo. Esperamos para breve essa confirmação dos leilões deste ano, algo que toda a indústria aguarda com ansiedade”, avalia a presidente da entidade. Retrato da forte participação que a geração eólica assumiu em anos recentes no suprimento de eletricidade está na perspectiva de que, até março, a fonte ultrapasse a biomassa e seja a segunda principal da matriz elétrica brasileira. Hoje, a capacidade instalada nacional de geração por meio dos ventos é de 14,4 GW.