fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
O mercado de energia já revisou suas projeções para 2019 à medida que as chuvas esperadas para este período úmido não estão se confirmando. As afluências caminham para ficar bem abaixo da média histórica em janeiro, prejudicando a recuperação dos reservatórios das hidrelétricas. Além da elevação dos preços no mercado livre, outro efeito indesejado é o retorno das bandeiras tarifárias, que acrescentam um valor adicional às faturas de energia elétrica dos consumidores atendidos pelas distribuidoras.
Com as boas chuvas em outubro, a bandeira tarifária mudou da cor vermelha para amarela, e depois para verde em dezembro. Essa mudança ajudou a segurar a inflação do país em 2018. Em dezembro, o diretor geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Eduardo Barata, chegou a dizer que a bandeira tarifária verde seria mantida “por muito tempo” em 2019, em razão do quadro hidrológico favorável que se apresentava.
Porém, já em dezembro um bloqueio atmosférico interrompeu esse ciclo de chuvas, fazendo com dezembro ficasse com as afluências ligeiramente abaixo da média histórica. Para janeiro, a previsão do ONS aponta para chuvas em 73% da média, muito abaixo do ideal para o período.
“Em dezembro, a gente esperava bandeira verde até maio, agora já esperamos bandeira amarela em fevereiro”, disse o sócio fundador da Focus Energia, Alan Zelazo. “O que a gente esperava vai acabar não tendo, que era um alívio na bandeira”, completou.
A energia elétrica é um item importante na composição do IPCA. Na medida em que as chuvas não se confirmarem, os reservatórios não se recuperam, sinalizando que as termelétricas podem voltar a qualquer momento para complementar o atendimento do sistema. “Em algum momento antes do fim do período úmido, o ONS deverá mudar a bandeira, mas não tenho certeza se vai acontecer em fevereiro, pois pode entrar alguma chuva ainda”, disse o sócio-diretor da Ecom Energia, Paulo Toledo.
ATRATIVIDADE O MERCADO LIVRE
O preço da energia no mercado livre também já mudou de trajetória. Preços para energia convencional que estavam projetados para rodar na faixa de R$ 120/MWh e R$ 170/MWh em 2019, já se elevaram para patamares entre R$ 200/MWh e R$ 240/MWh. A mudança de cenário começou a ser verifica ainda em dezembro, quando um bloqueio atmosférico reduziu as chuvas no país. Havia uma expectativa que esse bloqueio se dissipasse até o final do ano, porém o que se verificou foi uma continuidade desse fenômeno ao longo do primeiro mês do ano.
“O cenário que estava previsto no ano passado acabou que não se confirmando”, disse Sérgio Lopes, Energy Advisor da Enel X. “O modelo é muito drástico nessa hora e uma das coisas que está afetando é o reservatório, principalmente no Sudeste, que é o mais importante do país”, explicou. Segundo o especialista, o preço da energia incentivada que estava cotada em R$ 200/MWh para 2019 pulou para R$ 290/MWh.
Em consulta ao site do ONS nesta segunda-feira, 14 de janeiro, o reservatório equivalente do Sudeste está em 28,93%. “Quando a gente falava em racionamento, estava em 25%. Por isso o mercado já se manifestou”, destacou Lopes.
De acordo com a FDR Energia, a atratividade das fontes limpas no mercado livre de energia recuou em janeiro e registrou média “0,629” no Índice Nacional de Atratividade do Mercado Livre para Fontes Limpas de Energia. Dezembro havia apresentado o melhor resultado de 2018, com nota “0,723”. Segundo estudo, as chuvas abaixo das expectativas no início do verão aumentaram os preços no ambiente de contratação livre no primeiro de 2019. O índice é calculado em um intervalo de “0,000” (para a menor atratividade) e “1,000” para a maior atratividade.
Erick Azevedo, sócio diretor do Grupo FDR, ponderou que o ano não está perdido, pois em fevereiro pode voltar a chover. “Por enquanto a gente tem um problema pontual em janeiro, se isso se repetir em fevereiro e março, já agrava muito”, disse o especialista. Ao final de novembro, a FDR comprou energia convencional para 2019 a R$ 158/MWh. “Essa mesma energia agora está na casa de R$ 230/ MWh e incentivada pedindo prêmio de R$ 40/MWh”, exemplificou Azevedo.