A negociação de fornecimento de energia eólica firmada entre a Vale e a Casa dos Ventos trouxe para o mercado livre um novo tipo de parceria. O PPA bilateral – que tem o maior prazo já assegurado por um parque eólico no país, de 23 anos – permite que grandes consumidores de energia negociem diretamente com as empresas geradoras, repetindo uma tendência mundial de aproximação entre geradores eólicos e grandes consumidores. De acordo com Lucas Araripe, diretor de Novos Negócios da Casa dos Ventos, esse tipo de contratação por prazos maiores também garante uma previsibilidade, o que é interessante em países como o Brasil, onde existe uma alta volatilidade de preços.

Ainda pouco difundido no Brasil, países da Europa e Estados Unidos tem grande número de empresas companhias que, gradativamente, vem comprando energia renovável. Levantamento da Bloomberg New Energy Finance mostra que até setembro de 2018, os novos PPAs bilaterais de eólica e solar totalizavam 8,4 GW de potência instalada no mundo, um aumento de 70% em relação a 2017, quando 5,4 GW foram viabilizados nesta modalidade. Segundo relatório da Agência Internacional de Energias Renováveis, em 2018, o fornecimento corporativo de energia limpa ultrapassou 465 TWh, valor correspondente a demanda total de eletricidade da França.

O projeto Folha Larga Sul terá 36 turbinas da dinamarquesa Vestas e vai demandar investimentos de R$ 750 milhões, que serão de responsabilidade da Casa dos Ventos. O início da operação comercial está prevista para o primeiro semestre de 2020. O parque eólico é um dos primeiros financiamentos contratados no Banco do Nordeste para o mercado livre, o que segundo Ivan Hong, diretor financeiro da Casa dos Ventos, mostra o apoio do banco para o setor e a evolução das condições de apoio à nova realidade de comercialização. ao término do contrato, a Vale tem a opção de fazer uma oferta por ele.

Ainda segundo Araripe, a Casa dos Ventos recentemente tem buscado customizar soluções e auxiliar grandes empresas a consumirem energia da maneira mais eficiente e sustentável possível. Além do parque eólico para a Vale, ela está estruturando novas parcerias em função do seu grande portfólio de projetos no Nordeste do país. Esse modelo de autoprodução também garante benefícios em isenções de encargos.