O reservatório de Xingó (AL/SE), no rio São Francisco, passará a liberar uma vazão no patamar de 700 metros cúbicos por segundo em vez dos 800m³/s que vêm sendo praticados desde 11 de janeiro, informou a Agência Nacional de Águas (ANA). O novo patamar de operação será adotado ainda nesta semana pela Chesf, subsidiária controlada pela Eletrobras. A medida busca aumentar o armazenamento de água dos reservatórios do Velho Chico durante o período chuvoso, que vai até abril, para garantir a segurança hídrica durante o ano inteiro na região.
A redução da defluência do reservatório de Xingó de 800 para 700 m³/s foi definida na reunião da Sala de Crise do Rio São Francisco desta segunda-feira, 4 de fevereiro, devido ao menor volume de chuvas já registrado em janeiro na região. Com isso, as precipitações abaixo do esperado impactaram as vazões de escoamento e o volume acumulado nos reservatórios da bacia. A próxima reunião do grupo, formado por órgãos públicos, instituições da sociedade civil e entes privados, acontecerá em 18 de fevereiro para nova avaliação da bacia.
A medida atende ao acordo estabelecido na reunião da Sala de Crise de 21 de janeiro, quando ficou determinado que a vazão liberada deve ser revista sempre que houver diminuição de afluência aos reservatórios e as projeções indicarem menos de 50% de acumulação no Reservatório Equivalente do São Francisco – formado por Três Marias (MG), Sobradinho (BA) e Itaparica (BA/PE) – no fim do período chuvoso. Como a previsão para 30 de abril passou a ficar abaixo deste percentual, foi identificada a necessidade de reduzir o volume liberado por Xingó para reservar mais água na bacia hidrográfica.
Como a previsão para o fim de abril está abaixo de 50% do volume útil para o Reservatório Equivalente do São Francisco, foi necessário reduzir o volume liberado por Xingó para reservar mais água na bacia hidrográfica. O patamar de 800 m³/s só poderia ser mantido se as projeções indicassem um volume útil superior a 55% no conjunto de reservatórios formado por Três Marias (MG), Sobradinho (BA) e Itaparica (BA/PE) no fim do período chuvoso na bacia.
Se as projeções do início do ano apontavam que os reservatórios de Três Marias e Sobradinho chegariam respectivamente a 66,27% e 43,72% em 31 de janeiro, os volumes acumulados no último dia do mês passado ficaram respectivamente em 57,23% e 36,75%. Em 31 de janeiro, o Reservatório Equivalente do Rio São Francisco – formado por Três Marias, Sobradinho e Itaparica – estava com 42,93% de seu volume útil, sendo que um ano antes o acumulado era de 17,56%. Este ganho no volume de água acumulado se deve às medidas operativas adotadas ao longo de 2018.
Atualmente a vazão defluente mínima autorizada para os reservatórios de Sobradinho e Xingó é de 550 m³/s. A primeira autorização para a prática desta vazão foi dada pela ANA por meio da Resolução ANA n° 1.291, de 17 de julho de 2017, e prorrogada pelas resoluções n° 1.943/2017, nº 30/2018, nº 51/2018 e nº 90/2018 – esta última autoriza a vazão mínima defluente até 31 de março deste ano. Este foi o menor patamar médio já adotado em Sobradinho desde sua construção em novembro de 1979.
A bacia do São Francisco passa por seca desde 2012, maior período contínuo do fenômeno já registrado na região. Por isso, desde abril de 2013, os reservatórios de Sobradinho e Xingó vêm operando com uma defluência mínima abaixo da praticada em situação de normalidade: 1.300 m³/s. O objetivo desta medida é assegurar a reservação e a segurança hídrica na bacia mesmo com chuvas e afluências abaixo da média nos últimos anos.
Além das resoluções da Agência, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) expediu à CHESF, em 7 de agosto de 2017, a Autorização Especial nº 12/2017 para executar testes de redução da vazão defluente na hidrelétrica de Xingó até o limite mínimo de 550 m³/s.