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A crise provocada pela exposição financeira da Vega Energy será absorvida sem grande dificuldade pelo mercado, porque o prejuízo ficará pulverizado entre dezenas de comercializadoras que compraram energia da empresa. A avaliação é do presidente executivo da Associação Brasileira de Comercializadores de Energia, Reginaldo Medeiros, que considera “lamentável” a situação,mas vê uma oportunidade para que os agentes do mercado encarem o episódio como uma lição a ser aprendida.

“Eu acredito que o episódio também vai alertar todas as comercializadoras a terem critérios mais ricos, mais elaborados, de análise de risco das suas contrapartes”, disse Medeiros à Agência CanalEnergia.

A Vega negociou no ano passado contratos de venda de energia em quantidade superior à sua capacidade de lastrear essas operações, mas foi surpreendida pelo aumento expressivo do Preço de Liquidação das Diferenças com a redução do volume do chuvas a partir de janeiro. Sem conseguir contratar energia para honrar os contratos, ela enfrentou problemas de liquidez que afetaram mais de 50 comercializadoras. O prejuízo para essas empresas, que atuaram como contraparte da comercializadora é superior a R$ 180 milhões.

Reginaldo Medeiros lembra, porém, que a riqueza do mercado livre é justamente essa: a de cada empresa poder avaliar individualmente o risco de cada operação. “O mercado funciona assim. É natural esse processo, que serve para dar mais robustez ao próprio mercado no longo prazo”, afirma o executivo.

Medeiros lembra que outras comercializadoras “quebraram” no ano passado, e o prejuízo, antes das regras atuais, era assumido pelo conjunto dos agentes do mercado. Com a regra que atribuiu o risco às partes envolvidas na transação, quem fica com o prejuízo é quem comprou energia da Vega. “Esse valor não é expressivo, em função do tamanho do nosso mercado, e o mercado vai absorver. Não haverá prejuízo nenhum para o consumidor e outros agentes”, destacou.

A Vega foi desligada oficialmente do quadro de associados da Abraceel e está proibida de registrar novos contratos na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. Os problemas da comercializadora não afetarão a liquidação das operações de dezembro do mercado de curto prazo na CCEE, que acontece nesta quinta–feira, 7 de fevereiro, já que as garantias financeiras depositadas pela empresa serão usadas para cobrir os compromissos com as transações registradas.

Para Medeiros, é importante que se discuta, como ocorreu na Consulta Pública 33, certos aspectos de funcionamento do mercado livre que podem fazer com que ele evolua para um ambiente mais maduro. Há uma discussão já em curso na CCEE para aprimorar o mecanismo de garantias financeiras, mas isso passa necessariamente por um processo de audiência pública pela Agência Nacional de Energia Elétrica, diz o dirigente da Abraceel.

No passado, quando o tema posto em discussão pela Aneel, uma proposta mais ousada em relação às garantias foi descartada. “O mercado naquela época tinha uma argumentação de que talvez o sistema [proposto] fosse mais caro. Pediu aos bancos que fizessem uma proposta, mas os bancos não tiveram interesse naquela ocasião em ofertar um produto garantia, que estava em discussão na Aneel e na CCEE”, conta o executivo.

Questionado se seria admissível discutir um limite de alavancagem para as empresas que atuam no mercado livre, Medeiros disse que esse é uma das discussões que tem sido feitas no segmento. Em sua opinião, é fundamental, primeiro, a redução do prazo de liquidação, com chamadas de margem para as operações. “Se reduz o prazo para um quarto do prazo atual, o risco é apenas de 5% do risco atual”.

Derivativos – O sócio-diretor da GPS Comercializadora, José Amorim, acredita que está na hora do mercado introduzir os derivativos de energia para possibilitar a diminuição do giro da energia no mercado físico e abrir espaço para um crescimento mais acelerado do mercado. “Um índice de liquidez próximo de cinco em um mercado físico não faz sentido”, afirmou o executivo, que acredita que, com derivativos, o índice de liquidez pode chegar a 12.

Com essa medida, ele acredita que o mercado físico será mais saudável e se terá um mercado de derivativos importante para o crescimento do mercado, do setor e do país. “Oferecendo alternativas de baixo custo para hedge do fluxo de caixa dos empreendedores e liquidez para traders e escalpers realizaram suas operações de risco e direcionais”, ponderou.

Para Amorim, a criação dos derivativos poderá deixar mais claro a separação do mercado físico e o mercado de contratos financeiros. O executivo ressaltou ainda que a crise atual é de desinformação. “Com informação sabe-se qual o potencial de dano de todo agente da cadeia. Informações de posições assumidas, de capacidade financeira, e de boas práticas aplicadas a gestão”, apontou.

Colaborou Alexandre Canazio, do Rio de Janeiro