O presidente da EPE, Thiago Barral, sinalizou que os leilões A-4 e A-6 de energia nova deverão acontecer em junho e setembro, respectivamente. Em entrevista coletiva realizada nesta sexta-feira, 15 de fevereiro, Barral disse que espera a definição até março para que se trabalhe nas suas diretrizes. “Estamos animados, a expectativa é que tenhamos maior participação possível das fontes, mas a decisão é do Ministério de Minas e Energia”, afirma. A demanda ainda precisa ser definida pelas distribuidoras e a EPE trabalha com o cenário de crescimento de 2,3% no PIB, mas ele pode ser alterado. “Estamos trabalhando com sensibilidades, ao longo do primeiro trimestre temos um trabalho conjunto com CCEE e ONS de revisão dessas perspectivas”, avisa.

Barral também sinalizou com a realização dos leilões para o suprimento de Roraima e o de reserva de potência. Para este último ainda é necessário definir o formato. A consulta pública já foi encerrada, porém é preciso estudar mais o tema. Em dois meses o formato deverá ser finalizado. “Temos de dar mais segurança para o ministério definir o leilão e garantir a segurança do sistema”, observa. Mesmo com esse certame envolvido em intensa discussão e polêmica com os agentes acerca da sua necessidade, o presidente da EPE garantiu a sua realização. Ainda segundo Barral, a discussão serviu para qualificar ainda mais o processo e ter uma conclusão ótimo. A revisão do Tratado de Itaipu não deverá impactar na declaração da demanda, já que apenas o anexo C, que fala de valores, será abordado.

Com uma expansão baseada em renováveis, usinas hidrelétricas poderão aparecer nos leilões dos próximos anos. A EPE hoje desenvolve estudos para viabilizar a usina de Castanheira, que caminha para ser oferecida na disputa. Os estudos de impacto ambiental, de viabilidade e o do componente indígena estão concluídos, mas aguarda da Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso o agendamento de audiências públicas. Outro projeto hídrico que Barral citou estar em estudo é o da UHE Bem Querer (650 MW), em Roraima. Essa usina teria um papel importante, por estar em um estado que tem problemas de suprimento e ainda não está conectado ao sistema. Junto com a integração ao sistema ela vai trazer um benefício grande ao sistema, devido ao regime hidrológico da margem esquerda do rio Amazonas, que é complementar ao resto do sistema. “É uma usina interessante do ponto de vista energético”, observa. A previsão é que seus estudos de impacto ambiental sejam terminados em 2020.

Outros projetos hídricos que já vinham sendo citados em leilões poderão participar caso consigam suas licenças, como Ercilândia, Apertados e Telêmaco Borba. Sobre uma eventual preferência do governo por hidrelétricas e nucleares, Barral citou ainda na coletiva que a lógica da política energética é diversificar a matriz. “O desafio é colocar projetos em pé de igualdade para expansão da infraestrutura sem gerar ineficiências”, conclui.