A operação do primeiro sistema de armazenamento de energia em larga escala do país junto a uma usina fotovoltaica, com potência máxima de 1,26 MVA e capacidade de armazenamento de 1,36 MWh já é realidade em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Cemig e a Alsol Energia Renováveis, que iniciaram a operação em testes do sistema na última sexta-feira,15 de fevereiro, testes que devem seguir nesta semana na rede elétrica.
O equipamento é importado da China e representa parte de um projeto de pesquisa e desenvolvimento orçado em R$ 22,7 milhões – sendo R$ 17,5 milhões aplicados pela Cemig e R$ 5,2 milhões pela Alsol, empresa acelerada pelo grupo Algar, que é a idealizadora e executora do projeto. “O sistema foi adquirido da BYD e sua tecnologia é íon-lítio, que proporciona maior capacidade de armazenamento”, revelou Alécio de Melo Oliveira, gestor do projeto.
Nos próximos meses, outros dois sistemas de armazenamento com baterias de chumbo ácido, totalizando 225 kWh de energia, serão instalados na usina. Esses equipamentos serão fornecidos pela empresa brasileira PHB, e possuem inversores modificados e sistemas de comutação que permitirão definir qual melhor estratégia de injeção de energia na rede em situações específicas, se proveniente da UFV ou das baterias do sistema de armazenamento.
A usina fotovoltaica de 400kWp combinada com os diferentes sistemas de armazenamento de energia totalizará uma capacidade de 1,58 MWh, com potencial de geração de aproximadamente 640 mil kWh/ano, energia suficiente para atender pelo menos 350 residências, com consumo médio de 150 kWh/mês, por um ano. A UFV está localizada na sede da Alsol no bairro Distrito Industrial, em Uberlândia (MG), e foi inaugurada no ano passado com 300 kW. Desde então, a empresa aumentou 33% a potência do sistema, chegando a 400kW.
Gustavo Malagoli, presidente da companhia e coordenador da iniciativa, afirma que esta é uma fase essencial para o desenvolvimento do projeto. “Agora vamos colocar em funcionamento, em grande escala, o armazenamento que já estávamos testando em protótipo. O sucesso dessa ligação será um marco para a o setor energético no país e, consequentemente, para os consumidores”, explicou. A energia gerada nesta usina será utilizada por várias empresas da região.
Atualmente, as usinas fotovoltaicas em funcionamento no Brasil fornecem energia para a rede apenas durante o dia, suspendendo o fornecimento no momento em que o sistema é mais demandado.
Com a nova configuração, essa lógica é invertida, já que ela permite o armazenamento ao longo do dia com a presença do sol e, a partir das 18 horas, considerado o horário de ponta, é possível injetar na rede 1 MW por uma hora e meia. Outro exemplo, seria injetar 0,79 MW por duas horas ou 0,53 MW durante três horas.
De acordo com o superintendente de Tecnologia, Inovação e Eficiência Energética da Cemig, Carlos Renato França Maciel, o projeto representa a constante busca da Cemig por inovação e traz avanços ao setor elétrico.
“Uma das finalidades da usina é o desenvolvimento de um novo modelo de negócio, a partir de plantas híbridas que combinam geração fotovoltaica e sistemas de armazenamentos junto a unidades consumidoras, o que garante a qualidade da distribuição de energia, especialmente em horários de maior demanda”, explicou.
Ainda segundo Maciel, a qualidade da energia entregue será melhorada, aumentando a rentabilidade da empresa, já que menos desligamentos devem ocorrer. “Há também a expectativa de redução de perdas em alimentadores e transformadores durante o horário de pico, o que influencia a qualidade do serviço”, apontou.
O projeto de P&D foi proposto pela Cemig e aprovado pela Aneel em abril do ano passado. A execução é de responsabilidade da Alsol, em conjunto com a Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).