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Primeira distribuidora em poder da Eletrobras a ser  privatizada, a Enel Distribuição Goiás, novo nome da Celg-D, quer deixar para trás o passado de concessionária com índices ruins e rede sucateada. Em entrevista exclusiva à Agência CanalEnergia, o country manager da Enel no Brasil, Nicola Cotugno, ressalta que o grupo italiano sabia das dificuldades que encontraria para administrar a Celg e que o desafio ainda é grande dois anos depois da privatização. Para 2019, ele promete que os investimentos na concessionária devem repetir a mesma base dos R$ 800 milhões anuais gastos pelo grupo nos últimos dois anos.

Nicola Cotugno, da Enel: dificuldades já eram conhecidas

O executivo conta que a situação da Celg era muito específica dentro do setor, já que ela recebia baixos investimentos na sua infraestrutura, o que prejudicava a sua operação. “Por ser uma área em crescimento, as linhas já eram saturadas e insuficientes”, explica. Ele apresenta a disposição do grupo e os investimentos constantes como combustível para que mudanças aconteçam. Já foram mais de mil quilômetros de rede renovados. Segundo ele, os investimentos aplicados pela Enel na concessionária cresceram duas vezes mais do que na época da Eletrobras e quase quatro vezes mais que quando o governo estadual a administrava.

Mesmo com a certeza que ainda há muito a ser feito, o forte fluxo de investimentos nesses dois anos começou a trazer resultados, que ainda não foram devidamente capturados pelo ranking de qualidade da Agência Nacional de Energia Elétrica. Para 2018 o ranking ainda não foi divulgado, mas em 2017, ela ocupava o 33º e último lugar no ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica, com Indicador de desempenho global de continuidade em 1,99.  A melhora expressiva começa a aparecer nos índices de qualidade, quando ela consegue sair de um DEC de 32 horas para 26 horas de duração de interrupção, o melhor índice desde dezembro de 2011. Já na frequência das interrupções, avaliada pelo FEC, o número de 2018, segundo Cotugna, foi o mais baixo da história do estado desde que ele começou a ser aferido pela Aneel. “Isso também é um indicador do caminho que a Enel tomou, é para dar ânimo”, comemora.

Durante o processo de privatização, havia queixas generalizadas de setores do comércio, indústria e agrícola goianos. Eles reclamavam que a deterioração da rede atrapalhava o desenvolvimento econômico do estado. Segundo Cotugno, havia uma demanda reprimida. “Havia demandas de conexão esperando até dez anos”, revela. Ele responde com o cronograma de obras da distribuidora, mas confessa que ainda serão necessários alguns anos para que o passado esteja equacionado e o futuro abrigado. “Algumas obras estão mais rápidas. Temos já encaminhado boa parte dessas obras e temos que seguir mais uns anos para resolver um problema do  passado”, aponta.

Sobre a Aneel ter determinado na última semana que a Enel Distribuição Goiás elaborasse um plano de qualidade emergencial, Cotugno disse que a empresa vai dar atenção especial para as áreas que mais precisam de melhoria qualidade do fornecimento. Segundo ele, em um universo de três milhões de consumidores pode haver um ponto fraco que merece atenção e que empresa sabe que algumas áreas precisam de mais atenção, o que não invalida o que a nova gestão vem fazendo desde que assumiu. Já foram finalizadas as obras das Subestações Cocalzinho, Ipeguari e Paraúna, além da linha de distribuição Cristalina-Luziânia. Nas ampliações, foram contempladas as SEs Uruaçu, Planaltina de Goiás, Itiquira, Aruanã, Palestina de Goiás, Fazenda Canadá, Águas Lindas de Goiás, Pacaembu, Parque das Emas, Urutaí, Pires do Rio, Bela Vista de Goiás, Cepaigo e Real, Goiânia Leste, Guapó e Senador Canedo.

Lei sancionada pelo governo de Goiás este ano é outro motivo de atenção, uma vez que sinaliza um tipo de quebra do acordo que havia no edital de privatização. No fim de janeiro, foi alterado o Fundo de Aporte à Celg Distribuição, fazendo com que a Enel tenha que arcar com um passivo que não estava previsto. Cotugno voltou a reforçar a complexa situação em que a concessionária se encontrava e da disposição da empresa italiana em assumir uma distribuidora com tantos desafios operacionais e financeiros pela frente. A Enel foi a única a apresentar lance no leilão de privatização, de R$ 2,18 bilhões. A lei, que já foi lamentado pelo secretário de coordenação de Energia e Aeroportos do Plano de Parcerias e Investimentos do Governo Federal em evento no Rio de Janeiro na última semana, pode afastar investidores do país em um momento em que o governo federal acena com um programa de privatizações. O executivo da Enel demonstra crer em uma solução para o caso.