A Engie Brasil Energia e a Golar Power estudam parceria para viabilizar um terminal de regaseificação no porto de São Francisco do Sul (SC) próximo a Joinville. O aporte ainda não está oficializado até porque ainda buscam o licenciamento do projeto, que atenderia a uma térmica da EBE já licenciada para 600 MW, a UTE Norte Catarinense. Uma das formas de rentabilizar o projeto do terminal de GNL seria dobrar a capacidade dessa usina. A decisão por aumentar a potência para 1,2 GW foi tomada pela geradora recentemente.
Segundo o presidente executivo da EBE, Eduardo Sattamini, para que o investimento seja realmente feito é preciso que a UTE seja viabilizada por meio de um leilão, pois, comentou ele, um ativo dessa natureza precisa de contratos de longo prazo. A decisão por dobrar a capacidade já autorizada precisa de mais um processo de licenciamento.
Ele explicou que não necessariamente a segunda usina de 600 MW seria construída de imediato, depende do nível de risco a ser assumido no projeto de regaseificação. “O arranjo inicial prevê uma participação nossa no terminal e da Golar Power na usina térmica”, apontou ele. “Entre as opções que teríamos está a de ter apenas uma das térmicas e vender o gás a outros clientes na região Sul, distribuidoras e consumidores industriais. Depois poderíamos acrescentar a segunda metade da usina. Isso depende do cenário de leilões para o mercado regulado”, disse ele.
Esse movimento da EBE, comentou Sattamini, apesar da orientação global da Engie em descarbonizar a sua matriz de geração se dá em função da necessidade de segurança energética. Pois, comentou ele, o gás natural é o combustível da transição energética e o Brasil se faz necessário em função do nível de renováveis de seu parque gerador, predominantemente hídrico com ampla participação eólica e perspectiva de expansão da solar. Ele lembrou que dentre as fontes térmicas o gás é a menos poluente e de menor nível de emissão de gases de efeito estufa. Para atender à térmica de 1,2 GW mais as distribuidoras do Sul do país o terminal teria uma capacidade de pelo menos 10 milhões de metros cúbicos ao dia.
Enquanto avalia investir em GNL continua com o processo de venda da UTE Jorge Lacerda (SC, 857 MW). O executivo destacou que no momento a empresa avalia as propostas não vinculantes pelo projeto. Nesta fase são definidos os postulantes que serão levado a uma segunda fase de abertura do data room. Desta vez não será dado o direito de exclusividade como feito anteriormente com a Contour Global. Em entrevista à Agência CanalEnergia, Sattamini disse que a ideia era a de que a operação pudesse ser concluída ainda em 2019, mas sem estabelecer um prazo. Esse cronograma ainda é o mesmo. A decisão para a próxima fase deverá ser tomada em 60 dias quando começa o due dilligence até a efetiva venda de fechamento da transação mais para o final do ano.
“Não temos essa necessidade por ser um ativo que gera caixa e não estamos pressionados”, declarou ele.
Já no caso da UTE Pampa Sul (RS, 345 MW) o processo de construção continua e está mais próximo de sua conclusão. Tanto que a empresa acredita que no início de julho já estará em operação comercial no SIN. Outra frente na qual a Engie trabalha é em ter a usina totalmente financiada, para isso estuda a emissão de R$ 1 bilhão em debêntures de infraestrutura no terceiro trimestre do ano para completar o funding da central. Com esses dois pontos equalizados a empresa acredita conseguir o valor justo pelo ativo que é gerador de caixa e tem contratos de longo prazo interessantes.