As organizações As You Sow e Corporate Knights apresentaram a 6ª atualização do Carbon Clean 200, uma lista com as 200 companhias com ações na bolsa que se destacam com rendimentos obtidos a partir de produtos e serviços de baixo carbono em todo o mundo. Nove empresas do Brasil estão no ranking desta edição e seis atuam em algum grau no setor elétrico. São elas a Cemig (69º lugar), Eletrobras (79º), Engie Brasil Energia (86º), Energias do Brasil (174º), Light (186º), e WEG (198º). Figuram ainda o Banco do Brasil, Biosev e a Natura. Com isso, o país lidera entre os latino-americanos, com grande representatividade de companhias do setor energético.
Entre as principais conclusões desta edição do levantamento está o desempenho superior ao do índice S&P Global 1200 Energy com um retorno de 1,29%, mas fica atrás no índice geral, principalmente por conta dos impactos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. Se as ações de companhias chinesas no ranking forem excluídas, o retorno das companhias do Carbon Clean 200 desde 2016 salta para 20,4% no índice S&P Global 1200.
O resultado geral foi afetado nesta edição pela desvalorização sofrida por companhias chinesas em 2018 em decorrência da guerra comercial protagonizada por Estados Unidos e China. O ano passado foi o pior em uma década para as ações chinesas: os índices das Bolsas de Xangai e Shenzhen caíram 24,6% e 33,25% em 2018, respectivamente. No entanto, quando as ações dessas companhias são excluídas, o desempenho das empresas do grupo é significativamente maior que o da economia como um todo, o que aponta a resiliência das empresas de baixo carbono e seu potencial de crescimento para o futuro.
No comunicado sobre o levantamento, Toby Heaps, CEO da Corporate Knights e um dos autores do levantamento, destacou que, normalmente, durante períodos de instabilidade no mercado financeiro, as chamadas ações defensivas, de baixo potencial de retorno, acabam superando o desempenho das ações de maior potencial de crescimento futuro. e que esse levantamento está repleto de empresas com ações de alto potencial de crescimento, mas ainda assim o desempenho financeiro delas é superior ao mercado como um todo quando excluímos as empresas chinesas. E avaliou que os mercados estão recalibrando o valor das ações associadas a energia limpa, por exemplo, que oferecem uma proposta de valor superior e duradoura em uma economia de baixo carbono.
Para esta edição, a metodologia foi atualizada, utilizando a base de dados sobre desempenho corporativo limpo da Corporate Knights, para capturar áreas da economia limpa que se encontram além da eficiência energética, energia verde, emissões zero e veículos elétricos. Isso resultou na inclusão de novos setores e de novas empresas no levantamento, que se refletiu na composição geral do ranking com a estreia de 87 novas companhias em comparação ao último levantamento, apresentado em julho de 2018.
Os novos setores contemplados pelo Carbon Clean 200 são: bancos financiando soluções de baixo carbono, construtoras e companhias imobiliárias focadas em edificações de baixo carbono, empresas de economia florestal que ajudam a proteger floresta em pé e captura de carbono, mineradoras responsáveis, empresas alimentícias e de vestuário com pegada de carbono mais baixa, e companhias de tecnologia da informação e comunicação (TIC) que utilizam energia renovável.
A nova líder é uma das novatas no levantamento: a Alphabet, empresa holding da Google, que vem investindo bilhões de dólares nos últimos anos para atingir sua meta de 100% de energia renovável alimentando suas operações. A brasileira Banco do Brasil apareceu pela primeira vez já no décimo lugar desse ranking decorrente do lucro originado de produtos e serviços de baixo carbono. Isso se deve particularmente à operação do financiamento oferecido pelo governo federal no âmbito do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC).