O parque termelétrico de Roraima atendeu à totalidade da carga do estado nesta quinta-feira, 21, em razão da interrupção no fornecimento de energia para manutenção da linha que faz a interligação Brasil-Venezuela. O desligamento da instalação de transmissão para o corte de vegetação embaixo das torres foi comunicada à Roraima Energia pela empresa venezuelana Corpoelec. O serviço foi restabelecido à meia-noite, segundo o presidente da distribuidora, Orsini Oliveira.

O executivo informou que o abastecimento de Roraima está garantido, porque há uma folga de capacidade das térmicas instaladas no sistema Boa Vista. “Temos geração contratada de 15% a mais do que a ponta de carga. As máquinas têm manutenção”, disse à Agência CanalEnergia.

A interrupção aconteceu no dia em que o governo venezuelano anunciou o fechamento da fronteira com o Brasil, para evitar a entrada de alimentos e medicamentos. Oliveira informou, o entanto, que está acostumado “a essas idas e vindas” no fornecimento de energia do país vizinho, que são uma rotina na operação dos sistemas isolados de Roraima. “Eles avisaram que iam fazer a limpeza na rede. Se eles tivessem feito isso anos atrás, não teria acontecido o caos que aconteceu anteriormente.”

Apesar do agravamento da crise política e dos problemas econômicos da Venezuela, o empresário acredita que não exista a intenção do lado venezuelano de romper o contrato de suprimento de energia com a Eletronorte. “A gente não nota nos procedimentos deles esse sentimento. A gente nota que eles estão com dificuldade e, possivelmente, querem manter o fornecimento. Nunca ventilaram isso”, afirmou, acrescentando que existe uma ação preventiva do governo brasileiro para garantir o atendimento ao estado “numa eventualidade.”

Para o atual controlador da distribuidora privatizada no ano passado, o problema maior é o custo da geração térmica, que é pago por todos os consumidores do país, por meio da Conta de Desenvolvimento Energético. Oliveira lembrou que um ano de geração térmica em Roraima equivale ao valor estimado da linha de transmissão Manaus-Boa Vista, que integraria a capital do estado ao Sistema Interligado Nacional. O Ministério de Minas e Energia tem discutido a retomada do empreendimento, que não foi implantado por problemas de licenciamento ambiental.