A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) atualizou para R$ 24 bilhões o impacto previsto para o ajuste do risco hidrológico (GSF) no mercado de energia em 2019. No final de janeiro, a entidade havia divulgado uma estimativa de R$ 22 bilhões.
A elevação do GSF é explicada pela expectativa de PLD mais alto para o ano, uma vez que o percentual de ajuste do MRE para 2019 praticamente permaneceu igual ao divulgado em janeiro (82,1%/fev contra 82,9%/jan).
A previsão de preço da energia no mercado à vista disparou por causa de um bloqueio atmosférico iniciado em meados de dezembro e que permaneceu presente até o início de fevereiro. A CCEE também revisou suas projeções do PLD, elevando a média anual para a região Sudeste/Centro-Oeste de R$ 259,90/MWh para R$ 293/MWh.
O impacto do GSF é percebido de forma distinta. Os consumidores do mercado regulado devem arcar com R$ 17 bilhões e os agentes do mercado livre, com R$ 7 bilhões. A CCEE pondera, contudo, que a projeção do GSF considera a diferença entre a energia alocada pelas usinas hidrelétricas participantes do MRE e o total das garantias físicas, valorado pelo PLD esperado. “O Impacto Financeiro individual depende do montante contratado de cada agente do MRE”, reforça.
O GSF se tornou popular em 2015 e é responsável pela judicialização do mercado de curto prazo, represa cerca de R$ 7 bilhões e impede o funcionamento regular do mercado de energia.
O Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) funciona como um condomínio para as hidrelétricas, em que os ônus e os bônus são compartilhados entre as usinas participantes. O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) é o indicador oficial do preço da energia no mercado à vista. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 25 de fevereiro, pela Gerência de Preços da CCEE, durante a apresentação do InfoPLD, transmitido ao vivo pela internet.
FIM DO BLOQUEIO ATMOSFÉRICO
O fim do bloqueio atmosférico em fevereiro sinaliza para uma recuperação das afluências em março. A expectativa é de afluências em 80% no Sudeste/Centro-Oeste; 104% (Sul); 42% (Nordeste); e 76% (Norte). Em fevereiro, as afluências verificadas foram: 62% (SE/CO); 84% (Sul); 23% (NE); e 76% (Norte).
Contudo, o reservatório das hidrelétricas andou de lado, quando o normal seria uma recuperação. Em 23 de fevereiro, o armazenamento máximo era de 28,4% no Sudeste; 39,5% no Sul; 43,8% no Nordeste; e 41,4% no Norte. O fim do bloqueio também reduziu as temperaturas em fevereiro, com isso, a carga realizou 1,36 GW médios abaixo do previsto para o mês.
Os agentes terão que pagar R$ 236 milhões de Encargo de Serviço dos Sistemas (ESS) relativo à fevereiro, a maior parte por reserva operativa (R$ 135 milhões), uma vez que o fim do bloqueio atmosférico teve como efeito colateral a redução da geração eólica.
(Nota da Redação: Matéria atualizada às 17:13 horas do dia 25 de fevereiro de 2019 pois a CCEE corrigiu o valor presente na apresentação do InfoPLD para a estimativa do GSF de 2019 e o valor correto do PLD projetado para 2019)