A partir do segundo semestre de 2019, o Laboratório de Iluminação do Cepel (MA8) estará capacitado a realizar ensaios de compatibilidade eletromagnética até 1 GHz em lâmpadas e luminárias LED. Para atender a esta faixa de frequência, o Centro adquiriu uma célula GTEM (Gigahertz Transverse Electromagnetic), uma versão internacional da norma IEC CISPR 15:2018 revisada em junho de 2018, com alterações significativas que ampliaram a faixa de frequência dos ensaios de LED de 300 MHz para 1 GHz.

“Compramos a nova célula pois os ensaios devem ser realizados na frequência certa neste equipamento ou em uma câmara anecóica, que possui custo mais elevado”, assinalou a pesquisadora”, explicou a pesquisadora Alessandra Barbosa, responsável pelo MA8.

No Brasil, apenas laboratórios especializados em compatibilidade eletromagnética possuem câmaras anecóicas e estão capacitados a realizar estes ensaios. Dentre os locais especializados em Iluminação, o Cepel será um dos pioneiros a ser acreditado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) para este tipo de trabalho.

Compatibilidade eletromagnética

Ensaios de compatibilidade eletromagnética são realizados para avaliar a capacidade dos equipamentos eletroeletrônicos de operarem normalmente sem causar interferência eletromagnética em outros equipamentos próximos, bem como não terem seu funcionamento alterado por perturbações eletromagnéticas presentes em um ambiente.

A utilização de equipamentos eletroeletrônicos na área de iluminação cresceu muito nos últimos anos. Casos recentes mostraram que uma simples lâmpada de LED a poucos quilômetros de distância é capaz de interferir no espectro eletromagnético das redes de telefonia e banda larga, bem como no controle e operação dos aeroportos.

A pesquisadora Alessandra ressalta a importância da Portaria n° 389, de 25 de agosto de 2014 e da Portaria n° 20, de 15 de fevereiro de 2017, ambas do Inmetro, que tornaram a avaliação da compatibilidade eletromagnética obrigatória para lâmpadas de LED com dispositivos de controle integrados à base e luminárias públicas viárias, respectivamente.

Célula GTEM

Segundo o Cepel, os ensaios realizados na faixa de frequência de 1 GHz devem acontecer dentro de câmaras anecóicas ou célula GTEM para evitar que os campos elétricos externos penetrem e interfiram nas medidas e também para evitar reflexões dos campos emitidos pelo equipamento em teste, interferindo nas medidas.

A pesquisadora esclareceu que a célula GTEM simula ondas eletromagnéticas no espaço livre e produz um campo magnético uniforme na região interna, onde são colocados os equipamentos em teste, permitindo não só a avaliação de interferência, como também de susceptibilidade na faixa de frequência de poucos Hz até 6 GHz, capacidade da célula GTEM.

Revisão da ABNT NBR IEC/CISPR 15:2014

Alessandra também participou do processo de revisão da norma brasileira equivalente à IEC CISPR 15:2018, na Comissão de Estudo CE-003.077 da ABNT/Cobei e afirmou que a revisão da ABNT NBR IEC/CISPR 15:2014 – “Limites e métodos de medição das radioperturbações características dos equipamentos elétricos de iluminação e similares” já foi enviada para análise da Associação e que a estimativa é que seja colocada em consulta pública no primeiro semestre deste ano.