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A transmissora Isa Cteep foi a segunda empresa mais engajada com startups do Brasil, ficando atrás apenas da ArcelorMittal, segundo premiação promovida durante Open Innovation Week, evento que foi realizado nesta semana na Universidade de São Paulo (USP) com o objetivo de aproximar startups, mercado e da academia. A concessionária realizou 336 reuniões com startups, de acordo com Rafael Falcão Noda, diretor de Estratégia, Inovação, Comunicação e Regulação da Isa Cteep.
“O setor elétrico que é tradicionalmente conhecido como conservador e estável, mas o futuro do setor é de mudança rápida, tanto do modelo regulatório como tecnológico. Vamos passar por um ambiente de muita incerteza e esse estilo de gestão das startups vai ser muito importante para o setor”, declarou o executivo, em entrevista à Agência CanalEnergia.
Ele destacou que o setor elétrico tem um recurso valioso que poderia ser acessado por essas empresas. Por força de regulação, as elétricas precisam destinar anualmente 1% de suas receitas para projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D). Anualmente, são cerca de R$ 500 milhões disponíveis.
“Estamos em um mundo que muda muito rápido, o P&D também tem que ser muito rápido. Com os ciclos atuais de projetos que duram 4 anos, o que pode acontecer é que daqui a 4 anos o que foi desenvolvido já está completamente desatualizado. A ideia é ter uma metodologia de P&D com ciclos muito ágeis e que permitam o que as startups chamam de pivotar, que é mudar de direção no meio do caminho, mas perseguindo o mesmo objetivo”, sugeriu o executivo.
Hoje na Isa Cteep, Noda fez carreira no mercado financeiro, passando por instituições como BBVA, Santander e Safra. É professor da FIA/USP. Em sua opinião, o programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) precisa entregar soluções e produtos que agreguem valor para as empresas e para o setor. A maior eficiência das empresas é capturada pela regulação nas revisões tarifárias das concessionárias.
“Eu que não sou oriundo do setor elétrico, o que me surpreendeu muito é a atitude de algumas empresas de encarar isso como uma obrigação, um peso que tem que carregar. A nossa visão é outra. Temos um recurso reservado para investir em P&D, isso é uma oportunidade grande […] para resolver os problemas da sociedade, seja melhorando a qualidade do serviço, seja aumentando a eficiência do setor”, disse Noda. “Aqui não é a empresa querendo ter mais lucro as custas do consumidor, é a empresa querendo soluções mais eficientes e de maior qualidade para entregar um serviço melhor para o consumidor e mais barato”, acrescentou.
Noda defende um trabalho conjunto entre startups, empresas e academia. “O nosso sonho, e esse é um projeto bastante idealista, é conseguir criar um ecossistema que integre academia, startups e empresas e que o todo seja muito maior do que a soma das partes. Os três têm muito a contribuir e a aprender um com o outro. A empresa tem acesso ao mercado e conhece os desafios que têm que resolver, a startup traz essa metodologia inovadora, muito mais ágil e orientada ao resultado, e academia traz a metodologia e a capacidade transformar isso em conhecimento replicável e utilizável pela sociedade”, argumenta o executivo.
Uma das preocupações centrais das elétricas, segundo Noda, é investir em projetos que não tenham risco de serem glosados pela Aneel. Como o investimento vem antes do reconhecimento da agência reguladora, muitas empresas se preocupam mais com a forma e em atender a regulação do que desenvolver algo que realmente contribua para melhoria da eficiência do setor elétrico.
Tema, inclusive, foi abordado na Consulta Pública 33 que traz encaminhamentos para modernizar o setor elétrico brasileiro. A proposta versa em cadastrar centros de pesquisa para receber os recursos de P&D Aneel cobrado na tarifa dos consumidores de todo o país.
A Isa Cteep é uma das principais concessionárias privadas de transmissão de energia elétrica do país, transmitindo cerca de 25% da energia produzida no Brasil, 60% da energia consumida na região Sudeste e quase 100% da energia do Estado de São Paulo, segundo informações do site da empresa.