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Semana passada a EDP anunciou um programa de P&D para estudar o desempenho do uso de uma película que utiliza a luz para a produção de energia. O acordo foi firmado com a Sunew, empresa que, apesar do nome, é brasileira e autointitulada como a maior produtora mundial do produto que será utilizado nessa empreitada, uma película orgânica fotovoltaica (OPV, na sigla em inglês). Diferentemente dos painéis tradicionais, funciona com luz solar direta ou difusa. E aposta nesse painel como uma nova fronteira para a geração solar nas cidades, principalmente em função das características de flexibilidade e ter funções arquitetônicas, de redução de consumo, bem como geração de energia.
Em 2019 a companhia completa 10 anos de atividades, desde que começaram os estudos para o desenvolvimento da película que é produzida na sede da empresa, na cidade de Belo Horizonte (MG). Desde então, conta o CEO da Sunew, Tiago Alves, foram investidos cerca de R$ 200 milhões. Mas, ressaltou ele à Agência CanalEnergia, tendo como pano de fundo a busca pela viabilidade econômica desse produto. No ano passado, o faturamento foi de mais de R$ 10 milhões e até o final de 2022, sinaliza ele, o otimismo é grande e de elevado crescimento. “A gente espera que dentro de quatro anos o faturamento alcance cerca de R$ 1 bilhão no acumulado da existência da Sunew”, disse Alves.
A base desse otimismo está centrado no fato de a empresa enxergar uma oportunidade de potencial de expansão com o avanço não apenas da geração distribuída nas cidades. No caminho que busca trilhar está o uso nas cidades inteligentes, mobiliário urbano, telecomunicações com o uso mais próximo do 5G, bem como em mobilidade elétrico uma vez que a película de OPV é considerada pela química um polímero, elemento que se assemelha a uma borracha, e por isso, mais resistente que outros produtos utilizados atualmente, de semicondutores inorgânicos.
“Em termos de mercado, vemos que a energia será mais do que simplesmente o kWh como o maior benefício a ser entregue, mas sim o que se convencionou a ser chamado ‘energy as a service’, que engloba uma maior gama de usos para a energia”, comentou o executivo.
Dentre as características que a Sunew destaca de seu produto está a forma de produção da película que é feita por meio de uma impressora semelhante a uma gráfica, mas que demorou cerca de 18 meses para ser colocada em operação comercial desde sua concepção.
A capacidade de produção é colocada como uma informação estratégica, pois nesse mercado conta o diretor de Novos Negócios, Filipe Ivo, com alguns concorrentes que não falam abertamente sobre o volume que pode ser entregue. Mas, destaca ele, a Sunew é a maior no mundo até porque é a primeira a apresentar a viabilidade econômica do produto.
Atualmente a empresa apenas aponta que pode produzir de 500 mil a 1 milhão de metros quadrados da película OPV. E que o custo ainda é mais alto por Wp quando comparado aos painéis fotovoltaicos tradicionais. Mas, a expectativa de ambos é de que o potencial de queda dos preços possa tornar o produto competitivo mesmo em uma escala menor. Até porque o produto, afirmam, possui flexibilidade de aplicações e multiuso, como ajudar na redução da temperatura em prédios quando usados em fachadas e assim diminuir o consumo de energia, bem como apresenta a possibilidade de integrar o conjunto arquitetônico de uma edificação.
“Temos concorrentes, até porque a tecnologia de utilizar polímeros orgânicos está na pauta de universidades pelo mundo. Mas buscamos dar o viés de negócios que presume a rentabilidade e não apenas pesquisa. Essa concorrência está dividida em outros quatro grupos no mundo, mas temos razões para acreditar que o segundo maior não chega a um décimo do que temos”, disse Alves.

Essa concorrência, acrescentou Ivo, não são tão óbvios. Naturalmente se pensa que estão na China por lá se concentrar toda a capacidade global de produção de painéis. Mas acontece que por lá o pensamento é como ampliar a capacidade de produção e não como buscar inovação. “É nesse momento em que estamos, consolidar nossa marca para nos tornarmos referência global. Eles [chineses] podem sim investir e tornarem-se grandes produtores, mas naturalmente há uma barreira que além da capacidade de produção é a de conhecimento e desenvolvimento da tecnologia, que leva tempo para alcançar”, analisou. “Eles não vão pensar em algo para canibalizar uma produção tão grande já estabelecida por lá”, considerou.
A película é o resultado de pesquisas desenvolvidas inicialmente na cidade de Santa Bárbara (Estados Unidos), localizada entre Los Angeles e São Francisco, na Califórnia. É formada por cinco camadas de polímeros com uma espessuras variáveis, mas que utilizam de nanotecnologia. O produto final tem 0,1 mm de espessura e camadas que chegam a ser de dimensão 10 mil vezes menor que 1 milímetro. Hoje, a Sunew está presente em 10 países além do Brasil que é o principal mercado por enquanto.
*O jornalista viajou a convite da EDP