Desde o final do ano passado, a AES Tietê passou a centralizar em seu Centro de Operações de Geração de Energia (Coge) o gerenciamento, supervisão e controle das plantas da empresa. Essas ações são feitas remotamente, uma vez que os ativos estão espalhados em um raio de até 1.500 km de distância, como é o caso dos parques eólicos que a companhia adquiriu da Renova, o complexo Alto Sertão II, localizado nas cidades de Caetité, Guanambi, Igaporã e Pindaí, no interior da Bahia.
Os ativos eólicos foram os mais recentes a serem incorporados ao centro de operações que a geradora construiu no interior paulista. De acordo com os dados fornecidos, foram investidos  R$ 2,3 milhões nessa ação, que teve como objetivo aumentar a eficiência na gestão do portfólio da companhia. Com isso são 3.194 MW que passaram a ser controlados pela central da AES Tietê, sendo os 2.658 MW em UHEs, 150 MW do complexo solar de Guaimbé (SP), bem como os 386 MW de Alto Sertão II. Ali ainda é feita a operação das eclusas que existem ao longo das usinas que opera.
De acordo com o diretor de operações da AES Tietê, Anderson Oliveira, com a centralização a companhia consegue verificar mais agilidade e eficiência na operação, uma vez que há uma padronização dos protocolos de atuação por estarem concentrados em apenas um local. Além disso, houve a redução no caminho de comunicação entre o Operador Nacional do Sistema Elétrico e os ativos, já que antes era necessária a intermediação entre o Coge e Alto Sertão II – que era operada por uma terceirizada com operadores locais daqueles ativos.
“Nossa premissa básica era a de fazer essa transição sem traumas na mudança de operação, nem com a GE que tem o monitoramento das máquinas nem com o ONS. Fomos bem sucedidos pois três dias depois de iniciarmos a operação no Coge tivemos eventos climáticos com chuva forte na Bahia com descargas elétricas, foi realmente um primeiro teste mais expressivo com a geração centralizada e que funcionou bem”, comemorou ele.
A mudança, contou Oliveira, veio em um momento de entressafra de ventos na região, que são mais fortes durante o período seco, que começa em maio. Esse fator ajuda na questão de ter maior conhecimento da planta. Normalmente nessa época do ano é que são concentradas ações de manutenção programada de unidades de geração. No final, a geradora projeta, com a centralização, a redução de custos e ganho com aumento da produtividade, ao mesmo tempo em que as equipes nos sites são reduzidas em comparação ao que existia anteriormente ao Coge.
O maior desafio para trazer essa operação de Alto Sertão II para Bauru, explicou o diretor, foi a questão da comunicação entre os dois locais em decorrência da distância que é de algo próximo a 1.500 km. Diferentemente dos demais ativos da empresa, que estão em São Paulo e com fácil acesso a infraestrutura de comunicação, a geradora precisou utilizar links de comunicação existentes em linhas de transmissão e rádio. São dois desses, criptografados e classificados como robustos pela companhia que garantem a total disponibilidade do parque com o Coge.
A comunicação remota do complexo de geração eólica – composta por 230 aerogeradores e quatro subestações – é realizada com o intermédio de links criptografados pelo VPN do Centro de Operações e utilizam recursos tecnológicos de sistema de supervisão, comando e controle.
“Com a centralização, conseguimos mais agilidade em recompor o sistema quando há uma falha, é possível ter uma retomada da geração de forma mais acelerada quando comparado ao que era feito anteriormente porque o contato com o operador do ativo é mais rápido. É possível ganhar um pouco mais em termos de geração mas esse incremento é marginal apenas”, explicou ele.
A empresa ainda conduz a construção do projeto solar AGV e Boa Hora com 144 MW, em Água Vermelha, que deve entrar em operação esse ano ainda. Mesmo com o aumento da capacidade instalada da empresa, o atual dimensionamento do Coge já é o suficiente para a empresa. Os próximos passos que estão em estudo passam pela mudança de layout do painel para que seja incluída a visão do sistema Nordeste. Atualmente a empresa possui a sistematização do estado de São Paulo bem como de seus ativos. Como os parques estão em uma nova geografia para a companhia, seria necessária a mudança com a ampliação da tela e alguma reorientação das mesas de operação que estão por lá.
Desde a inauguração, explicou a AES Tietê, o Coge gerencia seus empreendimentos pela tecnologia Distributed Control System (DCS) e o novos ativos, Alto Sertão II e Guaimbê, estão em processo de transição da integração para o sistema. Essa estrutura manterá o mesmo padrão dos demais empreendimentos da companhia.